Função pública/”Subida do custo de vida no país é notória, mas ninguém fala em aumentar
salários” diz
Júlio Mendonça
Bissau,31 Ago 22(ANG) - O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Júlio Mendonça, afirmou terça-feira que o aumento de custo de vida no país é notório, mas que ninguém fala em aumentar os salários.
“É de lamentar porque na verdade os trabalhadores guineenses já viviam na penúria e as novas medidas agravaram a situação dos trabalhadores. Hoje, é notório o aumento dos preços de todos os produtos de primeira necessidade, o custo de vida aumentou, mas ninguém fala de aumento dos salários”, disse à Lusa Júlio Mendonça.O secretário-geral da maior central sindical do país referia-se aos impostos instituídos pelo Governo em plena pandemia.
“Ninguém fala em acrescentar uma percentagem no salário dos trabalhadores para recuperarem o poder de compra, ninguém fala, nenhum membro do Governo, nem o Presidente da República, que por sinal é quem dirige este Governo”, lamentou o dirigente sindical.
A falta de poder de compra dos guineenses agravou-se com a pandemia de covid-19 e com a situação económica mundial e a sociedade civil e sindicatos têm alertado as autoridades governamentais para o impacto que a falta de medidas está a ter na vida dos guineenses.
“Durante os dois anos de exercício de funções deste executivo os trabalhadores já experimentaram todo o nível de sofrimento”, afirmou Júlio Mendonça.
“É óbvio que estamos em vésperas de eleições e já estão a desfilar mentiras para enganar o povo de novo. A única coisa que sabem fazer é mentir ao povo”, considerou.
A Guiné-Bissau prepara-se para realizar eleições legislativas em 18 de dezembro, depois de o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, ter decidido dissolver o parlamento.
Questionado sobre se admite realizar novas formas de luta, tendo em conta a proximidade das legislativas, Júlio Mendonça salientou que durante um ano fizeram greves para consciencializar as pessoas, mas que o povo “não andou” com a UNTG.
“Abandonaram a luta e hoje estamos a sofrer as consequências. Se tivessem agido, o Governo não teria espaço de manobra para tomar muitas medidas. É óbvio que nunca descartamos adotar novas medidas reivindicativas para pressionar o executivo”, disse, salientando que é preciso os sindicatos reorganizarem-se.
Para Júlio Mendonça é necessário regressar à luta, porque os governantes estão “mais preocupados em angariar fundos, através da corrupção, para poder alimentar a máquina partidária e sustentarem as campanhas políticas dos seus partidos”.
“Enquanto patriotas estamos todos a sofrer com a desgovernação deste país, que não é de hoje. Vamos voltar às ruas com as nossas manifestações”, afirmou, acrescentando que os guineenses têm “má sorte” com os governantes que “não têm espírito patriótico” e “noções de administração”.
Não há no mercado interno produtos de primeira necessidade que não tenha registado aumento de preços, inclusive os produtos produzidos localmente.
Por exemplo, o saco de arroz de 50 kg tipo
“nhelem normal” que custava 16,500 francos CFA é agora vendido à 18,500, um kg
de peixe (1ª qualidade) que era vendido num preço de 2,500 é agora 3.500
francos, óleo alimentar saiu de 1.400 para 1.700, um kg de açucar que custava
500 francos subiu para 700, batata doce passou para 700 francos por quilo,
contra os 500 vendidos anteriormente. ANG/Lusa
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