sexta-feira, 19 de agosto de 2022

         Mali/França condena "multiplicação da manipulação de informação"

Bissau, 19 Ago 22 (ANG) - A França "condenou" quinta-feira a "multiplicação" do que classifica como "manipulação de informações" no Mali, que pediu ao Conselho de Segurança da ONU uma reunião de emergência para acabar com o que alega serem "atos de agressão" de Paris.

A junta militar no poder no Mali acusa a França, antiga potência colonial, de violar a sua soberania, de prestar apoio a grupos fundamentalistas islâmicos e de espionagem.

Numa carta endereçada pelo chefe da diplomacia maliana, Abdoulaye Diop, à actual presidência chinesa do Conselho de Segurança da ONU, o Mali "convida" o Conselho a trabalhar para que a França "cesse imediatamente os seus atos de agressão" e reclama uma reunião de emergência.

O Mali "reserva-se ao direito de usar de legítima defesa" se as ações francesas persistirem, conforme estabelece a Carta das Nações Unidas, disse na carta o ministro.

Hoje, numa reação às acusações, o porta-voz adjunto do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, François Delmas, fez numa conferência de imprensa a seguinte declaração: "Condenamos a proliferação de manipulações de informações que não devem desviar a atenção da degradação da situação de segurança e humanitária no país cujas populações são as primeiras vítimas".

"A retirada da força Barkhane do Mali está em vigor desde 15 de Agosto e foi realizada em total transparência com as forças armadas malianas e com os parceiros comprometidos com o nosso lado", continuou.

"A França prosseguirá incansavelmente a luta contra o terrorismo no Sahel e na África Ocidental, em apoio aos esforços políticos, civis e militares da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental [CEDEAO] e dos Estados da região, e em plena coordenação com os seus parceiros europeus e Estados Unidos", acrescentou o porta-voz.

A embaixada francesa no Mali tinha já reforçado na quarta-feira, através da rede social Twitter, que "a França obviamente nunca apoiou, directa ou indirectamente, esses grupos terroristas, que continuam a ser seus inimigos designados em todo o planeta".

Estas últimas manifestações de deterioração das relações franco-malianas coincidem com a partida do último soldado francês do Mali, após nove anos de combate contra o fundamentalismo islâmico.

A junta militar no poder em Bamaco desde o golpe de agosto de 2020 afastou-se da França e dos seus aliados para se voltar para a Rússia.

O exército francês, empurrado para a saída, transferiu para as autoridades malianas a gestão das várias bases que tinha no Mali, a última das quais na segunda-feira em Gao. ANG/Angop

 

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