Angola/ Jornalistas dizem que processo eleitoral “não foi justo nem transparente”
Bissau,
31 Ago 22(ANG) – A missão de observação eleitoral do Sindicato dos Jornalistas
Angolanos (SJA) considerou terça-feira que o processo eleitoral de 24 de Agosto
“não foi de todo justo nem transparente”.
Em
causa, segundo a missão, está o facto de a imprensa ter tratado “de forma
desigual os concorrentes às eleições gerais antes e durante a campanha
eleitoral” e os partidos concorrentes duvidarem do apuramento nacional, no
Centro Nacional de Escrutínio.
Por
outro lado, “a divulgação inicial dos resultados pela Comissão Nacional
Eleitoral” não respeitou a legislação, “segundo o qual a divulgação dos
resultados gerais provisórios de cada candidatura dever ser feita por círculo
eleitoral”, alertam os jornalistas.
“Os
concorrentes às eleições não tiveram efectivo conhecimento do número real de
eleitores, dada a presença, no Ficheiro Informático de Cidadãos Eleitores, de
cidadãos falecidos”, salientaram.
No
relatório de balanço da missão, o SJA referiu que o processo eleitoral “foi
livre e pacífico” e os eleitores “exerceram o seu direito sem qualquer constrangimento”.
A
missão, liderada pela jornalista Luísa Rogério, trabalhou em quatro províncias
do país, Luanda, Bengo, Namibe e Lunda Norte.
Sobre
a desigualdade da cobertura mediática, favorecendo o partido vencedor, o
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o sindicato recordou que se
“impõe o dever da comunicação social assegurar os princípios do contraditório e
de igualdade de tratamento durante a campanha e em programas da sua
iniciativa”.
No
entanto, “muitos jornalistas, em todo o território nacional, não foram
acreditados para cobertura eleitoral, em virtude de a Comissão Nacional
Eleitoral ter concentrado o processo, em Luanda, no Centro de Imprensa Aníbal
Melo”.
A
Comissão Nacional Eleitoral (CNE) “não divulgou as listas dos eleitores até 30
dias da data marcada para eleições”, tendo-se verificado a “deslocalização de
um grande número de eleitores”.
A
missão recomenda a “transferência de competências de regulação para uma
Entidade Reguladora da Comunicação Social que seja de facto independente e
capaz de fiscalizar a actuação dos órgãos de comunicação social em épocas
eleitorais e não só”.
O
sindicato recomendou que “os jornalistas respeitem sempre o interesse público,
fundamento da sua actividade, assim como as incompatibilidades estabelecidas na
Lei sobre o Estatuto dos Jornalistas e no Código de Ética e Deontologia”.
Além
disso, a missão também recomendou “a reformulação da composição e o
funcionamento da Comissão Nacional Eleitoral, conforme proposta da Comunidade
de Desenvolvimento da África Austral”.
A CNE
anunciou na segunda-feira que o MPLA venceu as eleições em Angola com 51,17%
dos votos contra 43,95% da União Nacional para a Independência Total de Angola
(UNITA).
O
MPLA arrecadou 3.209.429 de votos, elegendo 124 deputados, e a UNITA conquistou
2.756.786 votos, garantindo 90 deputados.
O
plenário da CNE proclamou assim Presidente da República de Angola, João
Lourenço, cabeça de lista do MPLA, o partido mais votado, e vice-presidente,
Esperança da Costa, segunda da lista do MPLA.
No discurso
de vitória, João Lourenço congratulou-se com a vitória, a quinta, coincidindo
com as eleições realizadas em Angola, apesar do partido ter perdido um milhão
de votos, no pior resultado de sempre.
ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário