Macron
na Argélia/ "A memória
é o maior irritante entre os dois países"
Bissau, 25 Ago
22 (ANG) - O Presidente francês, Emmanuel Macron, inicia esta quinta-feira uma
visita de três dias à Argélia, o maior país africano, a convite do homólogo
Abdelmadjid Tebboune.
Esta deslocação
acontece num momento de extremar de tensões entre os dois países, naquela que é
uma relação muito passional entre a antiga metrópole europeia e a sua
ex-colónia do Norte de África.
A Argélia, recorde-se, tornou-se independente há 60 anos, no entanto,
apesar da passagem do tempo, existiram muitas feridas que ficaram por
curar entre Paris e Argel.
Emmanuel
Macron vai estar na capital, Argel, e em Oran,
juntamente com uma delegação de cerca de 90 pessoas. O chefe de Estado francês
pretende virar a página de um relacionamento com muitos altos e baixos e
projectar o futuro.
A restrição de vistos franceses para cidadãos argelinos e
a questão da reconciliação entre
os dois países deverão ser dois dos temas abordados no encontro. Esta é a
opinião de Raul Braga Pires, politólogo e arabista, entrevistado pela RFI.
"Emmanuel Macron cometeu
várias gafes durante a campanha eleitoral e precisa de esclarecer-se em privado
perante Tebboune. Este é, aliás, o maior irritante, o maior problema entre
França e a Argélia, a questão da memória, da história comum, da historiografia
e das percepções que cada um tem desta fase de vida comum entre os dois países",
salientou.
Raul Braga Pires deu ainda a sua opinião sobre a importância desta visita e
reforçou que a mesma acontece num momento particularmente delicado para a
Europa devido à guerra na Ucrânia. A questão da substituição do gás russo
por gás argelino poderá ser outro dos temas a discutir durante esta
deslocação.
Esta visita "insere-se num momento
muito interessante porque, uma vez mais, é um momento em plena guerra na Europa"
e isso "recentrou de novo a importância estratégica da Argélia e do
gás argelino para a Europa".
De acordo com informações veículadas
pelo Palácio do Eliseu, o
chefe de Estado francês pretende, com esta visita, "trabalhar com a
Argélia em todos os aspectos da relação bilateral".ANG/RFI
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