ONU/Guterres pede que Tratado de Proibição Total
de Testes Nucleares entre em “pleno vigor”
Bissau,30
Ago 22(ANG) – O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou
segunda-feira que os riscos nucleares estão a atingir novos patamares,
defendendo que este é o momento para o Tratado de Proibição Total de Testes
Nucleares “entrar em pleno vigor”.
“O
Dia Internacional Contra os Testes Nucleares representa um reconhecimento
global dos danos catastróficos e persistentes causados em nome da corrida às
armas nucleares. É uma maneira de lembrar aqueles que sofreram por causa da
loucura da intemperança atómica”, disse o secretário-geral, num comunicado.
O Dia
Internacional contra os Testes Nucleares assinala-se anualmente a 29 de Agosto,
com vista a alertar a consciência pública para os efeitos nefastos destes
testes ou para qualquer explosão ou experiência nuclear.
Foi
proclamado pela Assembleia-Geral da ONU em 02 de Dezembro de 2009.
“Com
os riscos nucleares a atingir novos patamares, agora é a hora de o Tratado de
Proibição Total de Testes Nucleares entrar em pleno vigor, sustentado por um
sistema de verificação eficaz. As armas nucleares não têm lugar no nosso mundo.
Não garantem vitória ou segurança. Por definição, o seu único resultado é a
destruição”, sublinhou.
As
declarações do líder das Nações Unidas surgem num momento em que aumentam as
preocupações em redor da central nuclear ucraniana em Zaporijia, no sudeste da
Ucrânia.
Esta
central, a maior da Europa, foi tomada pelas forças russas cerca de duas
semanas depois do início da ofensiva militar de Moscovo contra o país vizinho,
em 24 de Fevereiro.
Desde
então, Ucrânia e Rússia têm trocado acusações sobre ataques realizados contra
Zaporijia.
Este
cenário tem suscitado grandes preocupações junto da comunidade internacional,
que tem alertado para a iminência de um potencial desastre nuclear.
As
declarações de Guterres surgem igualmente no dia da partida de uma missão de
peritos internacionais da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA),
órgão que integra o sistema da ONU, para a central nuclear ucraniana de
Zaporijia.
“Das
estepes do Cazaquistão às águas cristalinas do Oceano Pacífico e aos desertos
da Austrália, os testes nucleares há muito envenenam o ambiente natural do
nosso planeta e as espécies e pessoas que o chamam de lar. (…)
O
nosso mundo foi refém destes dispositivos da morte por tempo suficiente”,
prosseguiu Guterres.
“Neste
dia importante, peço ao mundo que aja pela saúde e sobrevivência das pessoas e
do planeta. Vamos garantir o fim dos testes agora e para sempre, e consignar as
armas nucleares à história, de uma vez por todas”, apelou.
No
passado sábado, Guterres mostrou-se dececionado com o fracasso da conferência
de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que terminou na
sexta-feira sem acordo, apontando que a falta de consenso ameaça a segurança
coletiva.
No
final de quase um mês de discussões, e depois de várias horas de um prolongado
debate à procura de um consenso, a conferência encerrou na sexta-feira sem a
adoção de um documento final devido às objeções russas.
A
Rússia bloqueou o acordo na 10.ª conferência de revisão do tratado, sobretudo
em questões ligadas à invasão da Ucrânia e à ocupação da central nuclear de
Zaporijia.
A
delegação de Moscovo foi a única a tomar a palavra na sessão final para se opor
ao último projeto do documento apresentado pelo presidente da conferência, o
argentino Gustavo Zlauvinen, e que os restantes 191 signatários do TNP estavam
dispostos a aceitar.
A
Rússia alegou que, de todo o extenso documento, só tinha objeções em relação a
cinco parágrafos por considerar que tinham sido “politizados”.
Apesar
de a delegação russa não ter indicado quais os parágrafos da discórdia, fontes
diplomáticas disseram que as divergências, surgidas à última hora, centraram-se
nas referências à situação na central nuclear ucraniana em Zaporijia e na
necessidade de o controlo do complexo ser devolvido às autoridades competentes.
Embora
a guerra na Ucrânia tenha tornado esta reunião particularmente complicada, não
é a primeira vez que a revisão periódica do TNP é encerrada sem consenso, como
aconteceu na última edição, realizada há sete anos.
ANG/Inforpress/Lusa
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