sexta-feira, 5 de maio de 2023

Cultura/Pioneiro do reggae na Guiné-Bissau quer despertar consciências

Bissau, 05 Mai 23 (ANG) - Masta Collie, nome artístico de Serifo Sagna, foi pioneiro da música reggae na Guiné-Bissau, descreve-se como “um dos artistas mais revolucionários” da sua geração e considera que a música tem de servir para despertar consciências.

Conta que foi obrigado a fugir do seu país devido à sua música e foi na Bélgica que formou um novo grupo, os "Masta Lions", que estiveram na RFI.

O grupo Masta Lions nasceu em 2021 na Bélgica, graças ao encontro do "pioneiro do reggae na Guiné-Bissau" com músicos belgas. As músicas são escritas, compostas e cantadas por "Masta Collie" e falam de temas africanos em mandinga, crioulo, inglês e francês. 

Venho de um país onde a miséria ninguém pode explicar. A África também é um continente onde eu vivi quase toda a minha infância. Cantamos tudo, cantamos o que vivemos”, começa por contar Masta Collie, nome artístico de Serifo Sagna.

O cantor e compositor bissau-guineense encara a música como uma forma de despertar consciências, “sobretudo dos jovens”, e interessa-se pelas pontes entre a música tradicional africana, nomeadamente guineense, e o reggae. Desde logo porque o reggae é considerado como uma música militante e a Guiné-Bissau teve grandes artistas com mensagens políticas “e que arriscaram a vida para defender as cores da bandeira nacional”, como José Carlos Schwarz e os Super Mama Djombo.  “Mas chegou um momento em que isto desapareceu. O gumbé falava mais do amor, da dança… Chegou um momento em que a juventude ficou saturada e queria uma coisa nova. Eu, com o meu estilo rasta e com as minhas palavras de esperança, tentei consciencializar o povo mais jovem”, acrescenta, sublinhando que foi “o pioneiro da música reggae na Guiné-Bissau”.

Serifo Sagna nasceu em Farim, no norte da Guiné-Bissau, lançou-se no mundo da música aos 15 anos e gravou três discos: “Sorry Mama”, “Políticos Falhados” e “Guiné-Comores”. Em 1998, a guerra civil obrigou-o a deixar o país, ao qual regressaria mais tarde e do qual teve de voltar a sair, em 2005, desta vez devido à sua música. “Sou um dos artistas mais revolucionários da minha geração”, resume o músico, contando que chegou a ser alvo de “uma tentativa de assassinato” depois de uma das suas músicas ter sido usada durante a campanha para as presidenciais.

O grupo Masta Lions vai participar, a 5 de Maio, no Festival l’Afrique en Couleurs, em Bruxelas. ANG/RFI

 

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