França/Unesco atribui prémio de liberdade de imprensa a mulheres jornalistas presas no Irão
Bissau, 03 Mai 23(ANG) – A Unesco atribuiu este ano o Prémio Guillermo Cano para a Liberdade de Imprensa a três mulheres jornalistas presas no Irão: Niloofar Hamedi, Elaheh Mohammadi e Narges Mohammadi.
“Agora,
mais do que nunca, é importante prestar homenagem a todas as mulheres
jornalistas que são impedidas de fazer o seu trabalho e que enfrentam ameaças e
ataques à sua segurança pessoal”, declarou a diretora-geral da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Audrey Azoulay,
em comunicado divulgado hoje.
A
presidente do júri, Zainab Salbi, afirmou que “o trabalho corajoso das mulheres
jornalistas iranianas” conduziu a “uma revolução histórica liderada por
mulheres”, pela qual pagaram “um preço elevado”.
Salbi
reiterou o compromisso de “honrá-las e garantir que as suas vozes continuem a
ressoar em todo o mundo até que estejam seguras e livres”.
Noloofar
Hamedi trabalhava para o principal diário reformista iraniano, Shargh. Foi ela
quem deu a notícia da morte da jovem Masha Amini, enquanto estava sob custódia
policial, depois de ter sido detida a 16 de setembro de 2022 por não respeitar
o uso do véu islâmico.
Hamedi
está detida em regime de isolamento na prisão de Evin, em Teerão, desde
setembro de 2022.
Elaheh
Mohammadi, que escreve para o jornal reformista Ham-Mihan, fez a reportagem do
funeral de Masha Amini e está também detida na mesma prisão.
As
duas foram galardoadas com o Prémio Internacional de Liberdade de Imprensa 2023
dos Jornalistas Canadianos para a Liberdade de Expressão e com o Prémio Louis
M. Lyons para a Consciência e Integridade no Jornalismo da Universidade de
Harvard.
A
revista Time incluiu-as na sua lista das 100 pessoas mais influentes do mundo
em 2023.
Narges
Mohammadi, que trabalhou durante anos para várias publicações, é também
diretora-adjunta da organização não-governamental Centro de Defensores dos
Direitos Humanos em Teerão.
Está
a cumprir uma pena de 16 anos de prisão em Evin, de onde tem continuado o
trabalho como jornalista, incluindo o livro de entrevistas com outras
prisioneiras intitulado “White Torture”.
Em
2022, Mohammadi recebeu o Prémio Coragem dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Em
1997, a UNESCO criou o prémio para a liberdade de imprensa em homenagem ao
jornalista colombiano Guillermo Cano, assassinado em dezembro de 1986 à frente
da redação do seu jornal, El Espectador.
A
organização recordou que as mulheres jornalistas e outros trabalhadores dos
meios de comunicação social em todo o mundo enfrentam cada vez mais ataques e
ameaças “desproporcionadas e direcionadas”. ANG/Inforpress/Lusa
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