CEDEAO/ Delegação deixa Níger sem
encontrar líder dos golpistas
Bissau, 04 Ago 23 (ANG) - A delegação da CEDEAO-
enviada a Niamey para encontrar uma saída para a crise no Níger, deixou ao
início da manhã desta sexta-feira, 4 de Agosto, o país, sem ter conseguido
encontrar-se com o líder dos golpistas.
A delegação da Comunidade dos Países da África Ocidental-CEDEAO-
que chegou ontem à noite a Niamey para encontrar uma saída para a crise no
Níger, partiu poucas horas depois, sem ter encontrado o líder dos golpistas.
"Os enviados da
CEDEAO viajaram durante a noite de quinta para sexta-feira e não encontraram o
chefe dos militares, que assumiu o poder na semana passada, o general
Abdourahamane Tiani, nem o Presidente deposto Mohamed Bazoum”, explicou hoje um dos membros da delegação.
De acordo com o comunicado da CEDEAO, a delegação chefiada pelo
antigo chefe de Estado nigeriano, Abdulsalami Abubakar, devia inicialmente
encontrar-se com os golpistas no Níger "para
apresentar as exigências dos dirigentes da CEDEAO”.
O Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, actual presidente da CEDEAO,
tinha exortado a delegação a "fazer tudo" para
uma "resolução pacífica" da
crise no Níger.
A CEDEAO impôs duras sanções a Niamey e deu um ultimato aos
golpistas para até domingo, 6 de Agosto, reporem a ordem constitucional no país
e libertarem o Presidente Mohamed Bazoum, sob pena de uso da "força".
Num artigo de opinião publicado, quinta-feira, no Washigton Post,
o Presidente do Niger pediu a ajuda dos Estados Unidos
e da comunidade internacional para “restaurar a ordem constitucional”.
Horas antes, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tinha
instado os golpistas à "libertação imediata" de Mohamed Bazoum e “à preservação da democracia duramente conquistada pelo Níger”,
numa declaração emitida no 63.º aniversário da independência do país da África
Ocidental.
Mohamed Bazoum, detido no palácio presidencial em Niamey, alertou
ainda que caso a Junta Militar permaneça no poder, “toda a região pode cair sob a
influência russa”.
O líder deposto criticou o Mali e Burkina Faso, países vizinhos do
Níger, por “apoiarem o golpe ilegal”, acusando-os
de utilizar mercenários do grupo paramilitar russo Wagner “às custas da dignidade e dos direitos dos seus cidadãos”.
Os golpistas no Níger anunciaram que vão retaliar "imediatamente" em
caso de "agressão ou tentativa de agressão" contra
o país por parte da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO.
"Qualquer
agressão ou tentativa de agressão contra o Estado do Níger terá uma resposta
imediata e não anunciada das Forças de Defesa e Segurança do Níger sobre um de
seus membros, com excpeção dos países amigos suspensos", disse um dos golpistas, fazendo referência ao Burkina Faso e
Mali.
Num comunicado lido na televisão, os golpistas dizem-se ainda
prontos a abandonar vários acordos militares concluídos com a França, em
particular, acordos que preveem o "estacionamento" do destacamento
francês e ao "status" dos soldados presentes no quadro da luta
anti-jihadista.
"A França recorda que
o quadro legal para a cooperação com o Níger na área da defesa baseia-se em
acordos que foram concluídos com as autoridades legítimas do Níger",
avançou o Ministério das Relações Exteriores francês esta sexta-feira. Essas
autoridades "são as únicas
que a França, como toda a comunidade internacional, reconhece",
acrescentou, ao "tomar
nota" do comunicado de imprensa da Junta Militar.
Esta sexta-feira, a União Europeia considerou esta sexta-feira "inaceitável" a suspensão da transmissão dos
meios de comunicação social France 24 e RFI no Níger, e condenou "firmemente" estas "violações das liberdades fundamentais".
"Esta medida é
uma grave violação do direito à informação e à liberdade de expressão", disse um porta-voz da Comissão nas redes sociais.ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário