Níger/Bloco da
África Ocidental confirma que golpistas recusaram visita ao país
Bissau,
09 Ago 23(ANG) – A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO) confirmou que não pôde
reunir-se na terça-feira no Níger com a junta golpista do país, que rejeitou a
visita de representantes do bloco, da União Africana (UA) e da ONU.
“A
missão foi cancelada depois de um comunicado das autoridades militares do
Níger, enviado a altas horas da noite, ter indicado que não podiam receber a
delegação tripartida”, afirmou a CEDEAO, num comunicado divulgado na
terça-feira à noite.
A
missão “inscreve-se nos esforços em curso para encontrar uma solução pacífica
para a atual crise no Níger”, acrescentou o bloco da África Ocidental, que
desde 30 de julho considera a possibilidade de uma intervenção militar contra a
junta golpista, caso esta não restitua ao poder o Presidente deposto, Mohamed
Bazoum.
No
comunicado, o bloco da África Ocidental garante que irá prosseguir todos os
esforços “para repor a ordem constitucional” naquele país.
Uma
fonte do autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP),
responsável pelo golpe, disse à agência de notícias EFE que a junta considera a
missão da CEDEAO “inútil”, uma vez que a sua posição “é conhecida” sobre a
situação no Níger.
A
fonte criticou as sanções financeiras e comerciais impostas pelo bloco
regional, bem como a ameaça de ação militar se a ordem constitucional não for
restabelecida.
Na
quinta-feira, os chefes de Estado da CEDEAO reunir-se-ão numa segunda cimeira
extraordinária sobre o Níger para decidir os próximos passos a dar, depois de o
seu ultimato de sete dias para que os líderes do golpe de Estado se retirem ter
expirado no domingo.
Até
agora, a junta do Níger ignorou as ameaças da organização e, para além de ter
nomeado um novo primeiro-ministro, reforçado as suas Forças Armadas e fechado o
seu espaço aéreo, avisou que o uso da força será objeto de uma resposta
“instantânea” e “enérgica”.
Uma
eventual ação militar dividiu o continente, com os governos da Nigéria, do
Benim, da Costa do Marfim e do Senegal a confirmarem claramente a
disponibilidade dos seus exércitos para intervir em território nigerino.
No
outro extremo, o Mali e o Burkina Faso, países próximos de Moscovo e governados
por juntas militares, opõem-se ao uso da força e argumentam que qualquer
intervenção no Níger equivaleria a uma declaração de guerra também contra eles.
O golpe
de Estado no Níger foi liderado, em 26 de julho, pelo autodenominado Conselho
Nacional de Salvaguarda da Pátria (CLSP), que anunciou a destituição do
Presidente, a suspensão das instituições, o encerramento das fronteiras (que
foram posteriormente reabertas) e um recolher obrigatório noturno até nova
ordem.
O
Níger tornou-se assim o quarto país da África Ocidental a ser dirigido por uma
junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burkina Faso, onde também
se registaram golpes de Estado entre 2020 e 2022.
A
CEDEAO integra os lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau, além do Benim, Burkina
Faso, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, Libéria, Mali, Mauritânia,
Níger, Nigéria, Serra Leoa, Senegal e Togo. ANG/Inforpress/Lusa
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