terça-feira, 9 de abril de 2013


Representante da ONU afirma que Guiné-Bissau pode desaparecer como Estado








Bissau, 09 Abr.13 (ANG) – O Representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau afirmou que o país enfrenta o risco de desaparecer enquanto Estado porque a Comunidade Internacional está cansada e na eminência de o abandonar. 

José Ramos Horta que falava à imprensa no âmbito do primeiro aniversário do golpe de Estado de 12 de Abril, na qual foi derrubado o governo eleito, exortou as elites política e militar a aproveitarem a data para fazerem um exame de consciência.
 
“Independentemente das razões que levaram ao golpe, a verdade é que se aprofunda a crise social e económica e o isolamento internacional da Guiné-Bissau", considerou o diplomata da ONU:
 
 "Por isso, espero que, ao completar-se o primeiro aniversário do golpe e do regime de transição, as elites política e militar façam uma introspecção, um exame de consciência, e ganhem  a consciência de que a Guiné-Bissau realmente enfrenta como Nação uma ameaça existencial,",alertou. 
 
De acordo com José Ramos-Horta, sem um Estado forte, um governo e instituições políticas sólidas e coesas, é extremamente difícil a Guiné-Bissau sobreviver aos desafios regionais, às ameaças de crime organizado, nomeadamente dos cartéis de droga das mais variadas origens, e a ameaça de outro género como a extrema pobreza. 
 
Outro aviso do Representante de Ban Ki Mon é o de que a comunidade internacional, que sempre quis e quer ajudar a Guiné-Bissau, já está também cansada e há um perigo real de a própria ONU, a União Europeia e outros amigos e parceiros tradicionais da Guiné-Bissau dizerem “não mais”. 
 
Por isso, Ramos-Horta apelou aos políticos guineenses para que cheguem rapidamente a um acordo para um roteiro de transição que contemple o recenseamento eleitoral e e o estabelecimento de umcalendário para as eleições, que podem ser este ano desde que as elites políticas se entendam. 
 
"Dado os desafios que este país enfrenta, bem grandes, até digo existencialistas para este país enquanto Estado, que se entendam e que formem um governo de grande inclusão o mais rapidamente possível", para haver eleições num clima pacífico e para que depois das eleições não hajam vencedores ou perdedores", disse. 
 
Após as eleições, acrescentou, o partido mais votado terá sentido de Estado e consciência da gravidade da situação que o país enfrenta, e terá consciência de que nenhum partido sozinho, nenhuma elite partidária sozinha, pode resolver os problemas. 
 
"Dêem a mão" e formem um Governo de grande abrangência, pediu Ramos-Horta,  acrescentado que só assim se pode passar à uma segunda fase, após as eleições, de reorganização do Estado, com o apoio da comunidade internacional. 
 
 O representante da ONU reafirmou que há tempo para organizar eleições ainda este ano e que as Nações Unidas continuam disponíveis para, em parceria com a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, e com o apoio financeiro da União Europeia, liderar o processo eleitoral.
ANG/ÂC

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