Mali/Centenas de malianos manifestaram apoio
à Junta militar
Bissau,
09 Set 20 (ANG) - Centenas de malianos demonstraram terça-feira, em Bamako, o seu apoio à junta
militar, no meio de uma disputa sobre o regresso dos civis ao poder, após o
golpe de Estado de 18 de Agosto, noticia a agência AFP.
Os participantes responderam ao apelo do MP4 (Movimento Popular de 4 de Setembro), uma nova formação de apoio aos coronéis no poder, numa altura em que os malianos estão a dividir-se sobre se é um militar ou um civil que deve liderar a transição, supostamente para trazer os civis de volta à lider
ança do país, e quanto tempo deve durar este período de transição."Queremos que o
Exército se mantenha no poder durante o tempo que for necessário. Porque não
três anos, até ao final do mandato do antigo presidente IBK", disse Hamza
Sangare, um comerciante de 40 anos, no meio da multidão de manifestantes e do
barulho das vuvuzelas, referindo-se a Ibrahim Boubacar Keïta, que foi derrubado
pelos militares a 18 de Agosto.
Desde o início, os
militares prometeram devolver as ordens aos civis no final de um período de
transição a ser determinado. Falaram inicialmente em três anos (correspondentes
ao final do mandato presidencial), sob a liderança de um oficial militar.
Mas depararam-se com a
recusa dos vizinhos da África Ocidental e lançaram consultas com as partes e a
sociedade civil sobre a implementação desta transição.
Após o acolhimento dado
ao golpe de Estado pelos malianos - exasperados por anos de guerra com os
jihadistas, violência inter-comunitária e estagnação económica - estas
consultas salientaram a dificuldade em conciliar as agendas dos militares, dos
antigos grupos rebeldes do norte e do chamado Movimento 5-Junho.
Durante meses, o
Movimento 5-Junho liderou o protesto contra o antigo presidente, até os
militares o deporem. Exige agora um papel preponderante na transição.
"Os militares, os
militares", cantava um animador para motivar os manifestantes, que debaixo
de um sol escaldante exibiam a bandeira nacional, retratos do chefe da junta, o
coronel Assimi Goita, e cartazes onde se lia "Viva o exército".
Dezenas dos pequenos
autocarros típicos de Bamako, normalmente utilizados como transportes públicos,
foram mobilizados para transportar os manifestantes à Praça da Independência, o
ponto alto de protesto perante o golpe de Estado.
Os apoiantes de uma
longa transição confiada aos militares argumentam com o tempo e autoridade necessários
para criar as condições de recuperação, num país muitas vezes descrito como
estando à beira do colapso.
Por seu lado, outros
apontam para o risco de uma instabilidade ainda maior num Sahel já atingido por
acções jihadistas, e o mau exemplo regional dado por uma junta que se manteve
no poder durante muito tempo.
Na segunda-feira, a
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que exige o
regresso dos civis após um período máximo de 12 meses, deu aos militares até 15
de Setembro para nomear um Presidente e um primeiro-ministro civis para a
transição.
Na sequência do golpe de
Estado de 18 de Agosto, o então Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, e
vários responsáveis do seu Governo foram detidos e posteriormente libertados,
após mediação da CEDEAO.
O ex-presidente deixou
Bamako na noite de sábado a bordo de um voo especial alegadamente para receber
tratamento no estrangeiro, mas fontes ligadas à junta militar no poder
asseguram que a CEDEAO defende o regresso ao Mali de Ibrahim Boubacar Keita
caso a justiça e segurança do país o exijam.
A junta militar, que se
auto-designou Comité Nacional para a Salvação do Povo, está a promover
consultas com diversas formações políticas civis do país para preparar o
processo de transição.
Além da instabilidade
política, o Mali regista uma situação de violência inter-comunitária e de
frequentes ataques 'jihadistas' contra o exército maliano e as forças
estrangeiras, incluindo francesas, destacadas em extensas zonas do centro e
norte do país. ANG/Angop
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