Covid-19/África do Sul recebe financiamento da OMS para desenvolver vacina
Bissau, 13 Out 21 (ANG) - A empresa sul-africana de biotecnologia Afrigen está a estudar uma vacina contra a covid-19 financiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para que o continente deixe de estar dependente da produção de outros países.
A África do Sul, que luta pelo acesso equitativo às vacinas contra a covid-19, começou a desenvolver a sua primeira vacina através do RNA mensageiro (o ácido responsável pela transferência de informações do ADN até ao citoplasma), um processo já desenvolvido pelas empresas de biotecnologia Moderna e Pfizer-BioNTech.
Esta inovação não injeta o vírus nas pessoas, mas dá instruções genéticas ao corpo que dizem às células do paciente o que fazer para combater a doença.
O
projecto da Afrigen, empresa sediada na Cidade do Cabo, é financiado pela
iniciativa Covax da OMS para o acesso equitativo às vacinas, e a sua fórmula
será parecida à da vacina da Moderna.
"O
que procuramos é uma vacina de segunda geração. Precisamos de começar com um
sósia da Moderna, mas a ideia é desenvolver uma vacina mais adequada aos países
de baixos rendimentos", disse o coordenador de vacinas da OMS em Genebra,
Martin Friede.
"África
precisa de se tornar autossuficiente na produção de vacinas durante os próximos
20 anos. Uma vez desenvolvida a fórmula, a Afrigen planeia formar outros países
africanos para o fabrico da vacina", concluiu Martin Friede.
Segundo
o director da Afrigen, Petro Terreblanche, as primeiras doses devem estar
prontas para ensaios clínicos no espaço de um ano.
Enquanto
as vacinas existentes de RNA mensageiro precisam de ser armazenadas a baixas
temperaturas, a fórmula de Afrigen irá idealmente requerer pouca ou nenhuma
refrigeração.
A
licença para a nova vacina, e a sua produção, estão a ser negociadas com a
empresa Moderna através da mediação do programa 'Medicines Patent Pool', criado
pela agência Unitaid (a organização internacional que compra medicamentos para
países pobres).
"Com
alguma sorte, talvez consigamos um acordo onde não tenhamos de cumprir as suas
patentes", declarou em Setembro o director do programa Medicines Patent
Pool, Charles Gore.
A
investigação, que começou há três meses, e o desenvolvimento das instalações já
custaram 7,5 milhões de euros.
Até
à data, apenas 5% dos africanos elegíveis estão totalmente vacinados. Com um
grande atraso em relação ao resto do mundo, África está fortemente dependente
das importações e doações de doses.
"A
amarga lição que aprendemos com esta pandemia é que a África é quase
inteiramente dependente de vacinas produzidas fora do continente",
declarou à agência de notícias France-Presse (AFP) o coordenador de vacinas da
OMS África, Richard Mihigo.
A
Biovac da África do Sul, localizado no mesmo complexo que a Afrigen, será a
primeira a produzir a nova vacina à escala comercial.
No
passado dia 07 de Outubro, o chefe executivo da empresa Moderna, Stéphane Bancel,
anunciou que a empresa iria abrir uma fábrica em África com o objetivo de
produzir até 500 milhões de doses anuais, mas não especificou em que país se
vai localizar.ANG/Angola
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