Nova Iorque/Tribunal Penal Internacional inicia procedimentos contra a Rússia - imprensa
Bissau, 14 Mar 23 (ANG) - O Tribunal Penal Internacional (TPI) vai iniciar dois processos por alegados crimes de guerra contra a Rússia no contexto da invasão da Ucrânia emitindo várias ordens de prisão, indica hoje o jornal norte-americano New York Times.
De acordo com o jornal,
os casos estão relacionados em concreto com o suposto "sequestro de
crianças ucranianas" e com o "ataque deliberado
contra infraestruturas civis" da Ucrânia.
O New York Times
cita fontes do TPI relacionadas com "as últimas decisões".
As fontes não foram
identificadas por estarem impedidas de se pronunciarem publicamente sobre o
assunto.
Estas são as primeiras
acusações internacionais desde 24 de fevereiro de 2022, a data da nova invasão
da Ucrânia pelas forças russas e, segundo o jornal, "são resultado"
do trabalho das equipas de investigação sobre crimes de guerra.
As investigações
prolongaram-se durante vários meses e concentram-se sobretudo "no
sequestro de crianças e de adolescentes ucranianos" e que foram enviados
para campos de "reeducação russos", além dos ataques deliberados
contra equipamentos civis.
O Procurador Karim Khan
do TPI deve primeiro apresentar o caso aos juízes de instrução sendo que os
investigadores ainda se encontram a trabalhar na recolha de provas para depois,
caso reúnam as supostas evidências, sejam emitidas as eventuais ordens de
prisão.
O Kremlin nega as
acusações de crimes de guerra mas, segundo a notícia publicada hoje, os
investigadores internacionais e ucranianos "reuniram provas sólidas de uma
série de atrocidade desde o primeiro dia da invasão", 24 de fevereiro de
2022.
De acordo com
instituições internacionais de justiça, tanto a Ucrânia como a Rússia não são
partes do Estatuto de Roma.
Mesmo assim, nos termos
do artigo 12(3) do Estatuto, um Estado que não é signatário pode apresentar uma
declaração aceitando a jurisdição do TPI.
A Ucrânia já exerceu
este direito duas vezes.
Na primeira vez, o
Governo da Ucrânia denunciou ao TPI os crimes cometidos no território
ucraniano entre 21 de novembro de 2013 e 22 de fevereiro de 2014.
A Ucrânia submeteu
uma segunda queixa no dia 08 de setembro de 2015, concedendo
jurisdição ao TPI em relação "aos atos cometidos no território da Ucrânia
desde 20 de fevereiro de 2014", invasão e anexação da Crimeia.
Apesar de a Ucrânia já
ter iniciado estes procedimentos contra a Rússia junto do TPI, o tribunal com
sede em Haia só pode julgar alegados "crimes de agressão" se o
Estado acusado for um dos signatários do tratado que impulsionou a criação da
instância internacional.
A Rússia retirou-se do
TPI (Estatuto de Roma) em 2016, após a invasão da Crimeia.
O Tribunal de Haia pode
julgar "os crimes de guerra e contra a humanidade" alegadamente
cometidos em solo ucraniano pelas forças russas mas, neste momento, o TPI não
tem competências para se pronunciar sobre "a invasão", o que torna
muito difícil sentar no banco dos réus o Presidente russo Vladimir Putin.
ANG/Lusa
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