Justiça/Juízes do Supremo Tribunal da Justiça se demarcam de atraso na resolução
do contencioso eleitoral
Bissau,01
Abr 20(ANG) - Alguns juízes
conselheiros do Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau demarcaram-se
terça-feira do atraso na resolução do contencioso eleitoral relativo à segunda
volta das presidenciais no país.
Segundo
a Lusa, que cita um comunicado, no qual constam o nome de seis juízes, mas que
apenas está rubricado por quatro, os juízes explicam que pediram ao
vice-presidente do Supremo Tribunal de Justiça para marcar a sessão plenária
para analisar o recurso de contencioso eleitoral uma vez que o presidente
daquele órgão está no estrangeiro por "motivos que
se desconhecem".
"Surpreendentemente,
depois de várias horas de debate, antecedido de um outro encontro com a mesma
finalidade, o vice-presidente conselheiro Rui Nené recusou-se a aceitar o princípio de marcação do plenário, com o
fundamento na ausência de condições de trabalho, de estabilidade e da
existência de facto consumado em relação à questão objeto de apreciação" e
que por essa razão se devia esperar pela chegada do presidente do Supremo
Tribunal, Paulo Sanha, referem os juízes conselheiros.
Os
juízes conselheiros consideram que a reação do vice-presidente do Supremo
Tribunal de Justiça é um "sinal de bloqueio da
instituição e das atividades judiciais".
"Somos
forçados, em nome da defesa e preservação da nossa imagem profissional e da
instituição a manifestar o nosso veemente repúdio e demarcação face a uma
inequívoca vontade por parte da direção em promover a paralisação das
atividades do tribunal" com "efeitos negativos nos processos
urgentes", incluindo o contencioso eleitoral.
A
candidatura de Domingos Simões Pereira apresentou em 26 de fevereiro um recurso
de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, depois de a Comissão
Nacional de Eleições dar como vencedor do escrutínio Umaro Sissoco Embaló,
alegando graves irregularidades na segunda volta das eleições presidenciais no
país.
Em 27
de fevereiro, o general Umaro Sissoco Embaló foi empossado Presidente do país
pelo primeiro vice-presidente do parlamento Nuno Nabian, sem esperar pela
decisão do Supremo.
Na
sequência da sua tomada de posse, Umaro Sissoco Embaló demitiu o
primeiro-ministro Aristides Gomes e o seu Governo, que mantém a maioria no
parlamento da Guiné-Bissau, e nomeou Nuno Nabian para o cargo, bem como um novo
Governo.
Esta
ação foi acompanhada pela ocupação de ministérios e instituições judiciais,
incluindo o Supremo Tribunal de Justiça, por militares, e pelo acantonamento da
Ecomib, força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO).
Com a
pandemia do novo coronavírus, as autoridades no poder na Guiné-Bissau
decretaram uma série de medidas restritivas, incluindo a declaração do estado
de emergência, e o Supremo Tribunal de Justiça, segundo fonte contactada pela
Lusa está de "quarentena".
Na
sequência da tomada de posse de Umaro Sissoco Emabaló e do seu Governo, os
principais parceiros internacionais da Guiné-Bissau apelaram a uma resolução da
crise com base na lei e na Constituição do país, sublinhando a importância de
ser conhecida uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o recurso de
contencioso eleitoral. ANG/Lusa
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