Covid-19/ Bolsonaro adopta tom mais moderado em
relação ao discurso à nação
Bissau,01 Abr. 20 (ANG) - O
Presidente brasileiro adoptou um tom mais moderado naquele que foi o seu quarto
discurso ao país sobre o novo coronavírus, mas voltou a insistir na importância
de a população manter os empregos durante a pandemia.
Sem mencionar a medida de isolamento social
que tanto tem criticado nas últimas semanas, Jair Bolsonaro afirmou, na noite
de terça-feira, estar preocupado com a saúde dos cidadãos brasileiros, na mesma
medida em que se preocupa com a manutenção dos empregos.
"A minha preocupação sempre foi
salvar vidas. Tanto as que perderemos pela pandemia como aquelas que serão
atingidas pelo desemprego, violência e fome. Coloco-me no lugar das pessoas e
entendo as suas angústias. As medidas protectivas devem ser implementadas de
forma racional, responsável e coordenada", indicou o chefe de Estado, numa
transmissão em rádio e televisão.
Tal como tinha feito horas antes, junto
a um grupo de apoiantes, em Brasília, Bolsonaro voltou a citar parte de um
discurso do director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a
necessidade de sustento financeiro de determinadas populações durante a
pandemia.
"O senhor Tedros Adhanom,
director-geral da OMS, disse saber que muitas pessoas de facto têm de trabalhar
todos os dias para ganhar o seu pão diário. E que os Governos têm de levar essa
população em conta. Ele disse ainda: 'se fecharmos ou limitarmos movimentações,
o que acontecerá com essas pessoas que têm de trabalhar todos os dias e que têm
que ganhar o pão de cada dia, todos os dias?'", declarou Bolsonaro, citando
declarações do director da OMS.
Contudo, tal como já tinha feito horas
antes, Bolsonaro voltou a omitir a parte do discurso em que Tedros Adhanom
referiu a importância do papel dos Governos na assistência às populações que
terão o seu sustento em risco.
"Os Governos precisam garantir o
bem-estar das pessoas que perderam a fonte de rendimento e que estão a
necessitar desesperadamente de alimentos, saneamento e outros serviços
essenciais", disse na segunda-feira o director-geral da OMS, acrescentando
na rede social Twitter que os países devem "desenvolver políticas que
forneçam protecção económica para pessoas que não possam ganhar ou trabalhar no
momento da pandemia da Covid-19".
O Presidente do Brasil indicou que a sua
preocupação, neste momento de pandemia, recai sobre os "vendedores
ambulantes", "camionistas", "empregadas de limpeza" e
outros trabalhadores por conta própria, assim como pessoas dos grupos de risco
face ao coronavírus.
"Temos uma missão: salvar vidas,
sem deixar para trás os empregos. Por um lado, temos de ter cautela e precaução
com todos, principalmente junto aos mais idosos e portadores de doenças
preexistentes. Por outro, temos de combater o desemprego que cresce
rapidamente, em especial entre os mais pobres. Vamos cumprir essa missão, ao
mesmo tempo em que cuidamos da saúde das pessoas", frisou.
"Repito: o efeito colateral das
medidas de combate ao coronavírus não pode ser pior que a própria doença",
acrescentou o mandatário.
Apesar de no anterior pronunciamento ao
país ter-se referido à Covid-19 como uma "gripezinha", Bolsonaro
assumiu agora estar "diante do maior desafio" da sua geração,
apelando a uma colaboração entre todas as entidades governamentais do país,
incluindo governadores, com quem tem tido divergências em relação a medidas
preventivas, como o isolamento social.
"Agradeço e reafirmo a importância
da colaboração e a necessária união de todos num grande pacto para preservação
da vida e dos empregos. Parlamento, judiciário, governadores, prefeitos e
sociedade", concluiu Jair Bolsonaro.
O Brasil ultrapassou na terça-feira a
barreira dos 200 mortos pelo novo coronavírus, tendo registado até ao momento
201 óbitos e 5.717 infectados, anunciou o Governo brasileiro, acrescentando que
foram confirmados 1.138 casos positivos nas últimas 24 horas.
Todas as regiões do Brasil têm mortes
confirmadas pela Covid-19.ANG/Angop
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