África do Sul/Tribunal considera ilegal libertação de ex-PR sul-africano Zuma e ordena regresso à prisão
Bissau,
15 Dez 21(ANG) – Um tribunal sul-africano considerou hoje ilegal a liberdade
condicional concedida em Setembro ao ex-Presidente Jacob Zuma por motivos
médicos e decidiu que o ex-chefe de Estado deve voltar à prisão e cumprir o
resto da pena.
A
decisão, que é passível de recurso, foi emitida pelo Tribunal Superior de
Gauteng Norte, com sede na cidade de Pretória.
“Declara-se
que o tempo que esteve fora da prisão em liberdade condicional médica não
deverá contar para o cumprimento da sentença de 15 meses imposta pelo Tribunal
Constitucional”, pode ler-se no veredicto, citado pela agência Efe.
O
juiz Elias Matojane considerou que a decisão do comissário nacional de Serviços
Penitenciários, Arthur Fraser, que já tinha reconhecido publicamente que a
medida não tinha sido recomendada pelos médicos, foi um “exercício ilegal de
poder público que prejudica” as ordens do supremo tribunal sul-africano.
A
decisão de hoje surge na sequência de uma denúncia contra a libertação de Zuma
feita pelo principal partido da oposição, a Aliança Democrática (AD), e outras
instituições (como a organização da sociedade civil AfriForum), junto da
justiça sul-africana.
Numa
sessão em Novembro o principal argumento contra a liberdade condicional médica
foi que não estava cumprido qualquer dos requisitos previstos para este direito
especial, nomeadamente o recluso estar em situação terminal ou incapacitado.
Zuma,
de 79 anos, entregou-se à justiça em 07 de Julho para cumprir uma condenação
por desrespeito ao tribunal, ao recusar repetidamente cumprir a notificação que
lhe exigia o testemunho em investigações de corrupção.
O
ex-Presidente foi considerado culpado por não obedecer à ordem do tribunal para
comparecer perante a comissão que investiga alegações de grande corrupção no
Estado sul-africano durante o seu mandato presidencial de 2009 a 2018.
Dias
depois, protestos que começaram em apoio ao ex-Presidente degeneraram
rapidamente numa onda de violência generalizada contra os problemas
socioeconómicos do país e resultaram em distúrbios e pilhagens em massa.
Em 05
de Setembro, apesar de só estar há dois meses na prisão, Zuma obteve a
liberdade condicional por motivos de saúde.
A
natureza exacta dos problemas médicos de Zuma não foram revelados, mas as
autoridades penitenciárias confirmaram que em 14 de Agosto o ex-Presidente
tinha sido submetido a uma cirurgia e que tinha programadas mais duas.
Desde
que saiu da prisão, Zuma apareceu em público em algumas ocasiões e na semana
passada lançou um livro (“Jacob Zuma Speaks”) com cujos rendimentos previa
pagar os seus elevados gastos com a justiça.
Além
das investigações sobre a alegada corrupção durante o seu mandato, conhecida na
África do Sul como “Captura do Estado”, Zuma tem actualmente em curso um
julgamento relacionado com alegados subornos recebidos ao abrigo de um acordo
de aquisição de armamento de finais dos anos 1990.
O
ex-Presidente e seus apoiantes rejeitam as acusações, que atribuem a uma perseguição
por motivos políticos.ANG/Inforpress/Lusa
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