Somália/União Africana pede solução baseada no diálogo para tensão política
Bissau,
31 Dez 21(ANG) – O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki
Mahamat, apelou quinta-feira a um “diálogo” entre o primeiro-ministro e o
Presidente somalis para encontrar “uma solução política” após o agravamento das
tensões no país do Corno de África.
De
acordo com um comunicado da União Africana (UA), Mahamat acompanha “com
profunda preocupação” a “grave tensão política na Somália”, que se intensificou
no dia 27, quando o Presidente Mohamed Abdullahi Mohamed Farmaajo ordenou a
suspensão dos poderes do primeiro-ministro, Mohamed Hussein Roble.
Após
a iniciativa do Presidente – que apontou o primeiro-ministro como suposto
responsável por um caso de corrupção – Roble e vários opositores acusaram
Farmaajo de ter tentado dar um golpe de Estado.
O
anúncio de Farmaajo foi seguido de um visível desdobramento de militares na
capital, Mogadíscio, com membros das Forças Armadas a tentarem impedir o
primeiro-ministro de aceder ao seu gabinete, localizado no complexo da
residência presidencial, conhecido como Villa Somalia.
Por sua vez, através da rede social Twitter, o gabinete de Roble descreveu a
decisão presidencial como “uma tentativa fracassada para ocupar militarmente o
gabinete do primeiro-ministro” e de “uma violação da Constituição e de outras
leis”.
As eleições presidenciais deste país, já adiadas várias vezes, chegaram a ser
marcadas para 10 de outubro, mas não se realizaram devido a desentendimentos
políticos.
A
câmara baixa do parlamento aprovou em 12 de fevereiro a prorrogação do mandato
do Presidente Farmaajo por mais dois anos – que havia expirado quatro dias
antes -, mas o Senado [câmara alta] considerou a medida como inconstitucional
por não ter o consenso das duas câmaras.
Essa
situação desencadeou uma grande crise política e, em 25 de abril, os confrontos
entre fações opostas do Exército – a favor e contra a prorrogação do mandato –
provocaram pelo menos 13 mortos e 22 feridos em Mogadíscio, segundo fontes
médicas confirmadas à Efe.
No
final de abril, Farmaajo renunciou à extensão do seu mandato e ordenou que
Roble dirigisse o processo de preparação das eleições.
Já em
setembro passado, uma nova escalada de tensão entre os dois fez Farmaajo
suspender os poderes de Roble para nomear e demitir funcionários públicos,
medida que o primeiro-ministro rejeitou, acusando o Presidente de “interpretar
mal” artigos da Constituição.
O
adiamento sistemático das eleições desvia a atenção de outros problemas,
nomeadamente a luta contra o grupo ‘jihadista’ Al-Shabab, que controla áreas
rurais no centro e no sul e quer estabelecer um Estado islâmico ‘wahhabi’
(ultraconservador) na Somália.
O país vive um estado de conflito e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando a Somália sem um governo efetivo e nas mãos de senhores da guerra e milícias islâmicas, como o Al-Shabab.ANG/Inforpress/Lusa
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