Rússia/Justiça ordena fim de organização de direitos humanos
Memorial
Bissau, 29 Dez 21 (ANG) - A organização não-governamental Memorial, considerada como um dos pilares da liberdade e direitos humanos na Rússia, viu o seu fim decretado pelo Supremo Tribunal do país após diversas acusações de infrações do estatuto de "agente estrangeiro".
Há 30 anos que a organização não-governamental
russa Memorial é um farol dos direitos humanos no país, salvaguardando a
memória das purgas soviéticas e denunciando os abusos de poder da era Vladimir
Putin.
Na terça-feira, a justiça russa decidiu
que a organização deveria ser dissolvida, já que infringe sistematicamente as
obrigações do estatuto de "agente estrangeiro", um estatuto
atribuído a todas as organizações que o regime russo considera que agem
contra os interesses do país.
No tribunal, o procurador russo acusou a
organização de "criar uma imagem mentirosa da União Soviética como Estado
terrorista", promovendo o "branqueamento dos crimes
nazis".
Até hoje a Memorial continua a ajudar a
documentar o percurso de milhões de pessoas perseguidas e deportadas pelo
regime de Estaline, dando às suas famílias o máximo de informação possível
sobre o que se passou depois do seu desaparecimento.
A organização considera a decisão ilegal e já anunciou que vai
interpor um recurso de forma a evitar o encerramento da sua actividade.
"Memorial é uma necessidade dos cidadãos da Rússia de
conhecerem a verdade sobre o seu passado trágico Memorial e o destino de
milhões de pessoas. Ninguém pode desfazer esta necessidade", reagiu a
organização em comunicado, garantindo que vai encontrar os "meios
legais" para continuar o seu trabalho.
Num ano coroado de repressão em relações a indivíduos,
organizações não-governamentais e jornalistas na Rússia, o fim decretado da
Memorial está a suscitar críticas de todos os quadrantes.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, qualificou a dissolução como "uma terrível perda para o povo russo", o Conselho da Europa disse que a decisão é uma "notícia devastadora" e "um dia sombrio" para a Rússia, a Alemanha diz que é uma sentença "incompreensível" e os Estados Unidos qualificam a decisão como "uma afronta aos direitos humanos".ANG/RFI
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