“Tanto o
comerciante estabelecido formalmente como o vendedor informal, todos fogem ao
fisco”, diz Suleimane Seidi
Bissau, 3 Jun 14 (ANG)-A Guiné-Bissau é o país da
União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA) com a menor «taxa de
pressão fiscal», disse recentemente em Bissau
o diretor-geral das Contribuições e Impostos, Suleimane Seidi.
Seidi falava à agência Lusa à margem de um seminário
de apresentação de dois manuais sobre a legislação de fiscalização tributária.
De acordo com aquele responsável,
razões históricas ligadas à presença colonial ainda estão na base da «cultura»
do guineense de evitar pagar impostos.
Aliada a esse fator, Suleimane
Seidi apontou também a ineficiência dos serviços de cobrança em atingir todos
os contribuintes o que faz com que a Guiné-Bissau tenha uma pressão fiscal de
8,5% quando «em certos países da UEMOA a carga fiscal chega aos 17%» - sendo a
média regional de 14%.
O responsável afirmou que tanto o
«comerciante estabelecido formalmente», como «o vendedor informal», todos fogem
ao fisco.
Menos de metade das empresas
formais declarou este ano o balanço de fim de exercício económico.
Ainda assim, a receita fiscal
contribui com 40% do Orçamento Geral de Estado (OGE), em situação normal do
funcionamento do país.
Suleimane Seidi notou que nos
últimos dois anos - desde o golpe militar de abril de 2012 - o Governo de
transição apenas contou com as chamadas receitas internas para pagar as
despesas do Estado.
O diretor-geral das Contribuições
e Impostos aponta para a necessidade de haver reformas e mudança de atitude dos
governantes.
«Há reformas em curso. Há
esforços internos, mas também é preciso que a comunidade internacional apoie o
país na implementação dessas reformas, em termos de formação e aquisição de
programas informáticos», observou Suleimane Seidi.
Como exemplo, apontou a
substituição do Imposto Geral sobre Vendas (IGV) pelo Imposto sobre o Valor
Acrescentado (IVA), cumprindo uma exigência comunitária da UEMOA, mas que só
pode ser concretizada com uma nova aplicação informática.
«O módulo [de cobrança de
impostos] em uso na Direção-Geral das Contribuições e Impostos é obsoleto, é
dos anos 90», afirmou Suleimane Seidi, explicando ainda que o país terá que
adquirir um programa informático que possa fazer a gestão integrada dos
impostos.
Lusa
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