Domingos Simões Pereira quer gestores públicos
idóneos
Bissau, 30 Jun 14 (ANG) - O
novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, quer que os
gestores públicos dêem provas de idoneidade para desempenhar os cargos e dá-se
como voluntário para ser o primeiro a fazê-lo, referiu em entrevista à agência
Lusa.
Domingos
Simões Pereira quer dar o exemplo, defendendo também um "escrutínio do
passado" para assegurar que cada um tem "condições morais para fazer
a gestão dos bens públicos". "Já pedi à Assembleia Nacional Popular
(ANP) que ative rapidamente a comissão de Ética, porque acho que todos nos
devemos submeter à verificação que essa entidade entender pertinente fazer para
clarificar os nossos actos", justificou.
A
medida contrasta com a corrupção e impunidade diagnosticada por entidades
guineenses e estrangeiras e verificável no dia-a-dia do país. "É preciso
conquistar o povo guineense para um desafio nacional e isso é um propósito
perdido à partida se o povo não acreditar nas autoridades. Nós precisamos do
crédito do povo da Guiné-Bissau", sublinhou.
Domingos
Simões Pereira vai governar uma das nações mais pobres do mundo, com carências
a todos os níveis e em que apesar de vários recursos naturais estarem a ser
exportados, fontes estatais referem que os cofres do tesouro público estão
vazios. O ponto de partida para começar a governar "é fazer uma real
avaliação da situação do país", para se fixarem "metas de curto
prazo", num plano de emergência que o chefe do próximo Executivo quer ver
pronto rapidamente.
Nas
ruas reclama-se o pagamento de salários em atraso na função pública - seis
meses, segundo sindicatos e outros organismos -, algum abastecimento de água e
luz e avolumam-se as queixas pelo aumento do custo de vida. "Não tenho
cheques na mão, tenho promessas de abertura de diálogo e muitos parceiros disponíveis
para trabalharem connosco porque acreditam no programa que apresentámos",
referiu o primeiro-ministro à Lusa.
Domingos
Simões Pereira já manteve encontros com vários bancos de apoio estrutural, duas
reuniões com a Comunidade Económica dos Estado da África Ocidental (CEDEAO) -
que poderá "preparar um pacote de assistência à Guiné-Bissau" - e em Julho
espera deslocar-se a Bruxelas, para conversas com responsáveis da União
Europeia. A ajuda externa permitirá ao país sair do "buraco", para a
Guiné-Bissau começar a ser disciplinada na angariação de receitas e conseguir
cuidar de si própria, porque, acentuou: "É a dignidade que está em
causa".
O novo
primeiro-ministro admite a participação de instituições internacionais na
administração pública para que haja boas práticas, mas só "ao nível da
implementação" de projectos no terreno - afastando a ideia de
co-assinatura nos gabinetes ministeriais. "Na definição de grandes
políticas, o Governo tem que reter uma primazia que lhe permite ser o dono do
destino do seu país e do seu povo", destacou.
O
primeiro grande exercício está para breve: em condições normais, o Executivo
teria 60 dias para delinear o Orçamento Geral do Estado, mas segundo Domingos
Simões Pereira, perante o cenário de urgência, "temos que subtrair o
máximo de tempo possível e conseguir em tempo recorde fazer a
apresentação". "O mais importante agora é dar o primeiro passo e não
parar de andar no sentido correcto", concluiu.
LUSA
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