Organizações africanas elogiam adiamento de eleições
Bissau,
03 mar 20 (ANG) - As comissões da União Africana (UA) e da Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental elogiaram a decisão do Presidente da
Guiné-Conakry em adiar a data do referendo e das eleições legislativas,
esperando agora um período "sereno e responsável".
Alpha Condé |
Num
comunicado conjunto, as duas organizações regionais "elogiam e
congratulam" a decisão das autoridades guineenses em adiar a realização
dos sufrágios, previstos para o passado domingo, 01 de Março.
A
Comissão da UA e a Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO) consideram que esta é uma "importante e corajosa
decisão que reflecte a preocupação com a calma e a transparência" neste
processo eleitoral.
No
documento refere-se que as organizações esperam que o período de adiamento
"seja utilizado eficazmente para retomar um diálogo político sereno e
responsável entre todos os atores políticos e sociais", de forma a que se
estabeleça "um registo eleitoral fiável" e se criem as condições para
a realização de "eleições credíveis, livres e transparentes".
"A
Comissão da União Africana e a Comissão da CEDEAO expressam o seu firme apoio a
qualquer iniciativa para que o Governo e as forças políticas e sociais da Guiné
actuem o mais rapidamente possível para esse fim", acrescenta a nota.
Da
mesma forma, as duas organizações apelam às partes envolvidas para que não
recorram à violência e privilegiem o diálogo.
As
comissões das organizações regionais asseguram que "continuam determinadas
a apoiar a Guiné-Conakry no aprofundamento do seu processo democrático, uma
garantia de paz e de desenvolvimento económico para o bem-estar do seu
povo".
Na
noite de sexta-feira, o Presidente da Guiné-Conakry, Alpha Condé, anunciou o
adiamento das eleições legislativas e de um referendo para uma nova
Constituição, marcados para domingo, em data ainda não determinada.
O
anúncio foi feito na televisão estatal, após a retirada de observadores
eleitorais internacionais pela UA e pela CEDEAO devido à insegurança.
"É
por responsabilidade nacional e sub-regional que aceitamos um ligeiro adiamento
da data das eleições. Não é uma capitulação ou um recuo, mas lealdade com a
Guiné-Conakry de ontem e de hoje", disse então Condé.
Além de
escolherem os deputados para a próxima legislatura, os guineenses deviam votar
no domingo um muito contestado referendo constitucional que poderia prolongar a
liderança de Condé por mais 10 anos e aprofundar uma crise política que tem
provocado protestos violentos nos últimos meses.
Estima-se
que desde Outubro estes protestos tenham já resultado na morte de mais de três
dezenas de pessoas.
A
oposição suspeita de que a adopção destas alterações à Constituição sirva de
pretexto para que Condé reponha a zero o número de mandatos enquanto
Presidente.
Alpha
Condé, 81 anos, critica a actual lei fundamental do país, datada de 2010,
considerando que se trata de uma "concentração de interesses
corporativos" com "lacunas e incoerências".
As
eleições legislativas - inicialmente previstas para Janeiro do ano passado e
também elas adiadas por várias vezes desde então - tinham sido boicotadas por
partidos da oposição.
Alpha
Condé chegou ao poder a 21 de Dezembro de 2010, após vencer a segunda volta das
presidenciais contra o ainda principal líder da oposição, Cellou Dalein Diallo,
tendo sido reeleito em Outubro de 2015. ANG/Angop
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