Bissau,04
Mar 20(ANG) - A Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau apelou terça-feira
à "reabertura imediata" da televisão e rádios
públicas do país, encerrados na sexta-feira por militares.
Vista da sede da TGB |
Num
comunicado à imprensa, a Ordem dos
Jornalistas,presidida pelo jornalista António Nhaga, pede também às
"autoridades políticas e governamentais para não se imiscuírem na gestão
dos conteúdos dos órgãos de comunicação social em geral".
A Ordem
dos Jornalistas salienta também que a Televisão da Guiné-Bissau e a Rádio
Nacional são órgãos públicos não oficiosos e pede aos jornalistas em geral
"bom senso" no exercício das suas atividades.
A
Guiné-Bissau vive um novo momento de tensão política, depois de o
autoproclamado Presidente, Umaro Sissoco Embalo, ter demitido Aristides Gomes
do cargo de primeiro-ministro e nomeado Nuno Nabian.
Umaro
Sissoco Embaló, dado como vencedor da segunda volta das presidenciais da
Guiné-Bissau pela Comissão Nacional de Eleições, tomou posse simbolicamente
como Presidente guineense na quinta-feira, numa altura em que o Supremo
Tribunal de Justiça ainda analisa um recurso de contencioso eleitoral
interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Após
estas decisões, registaram-se movimentações militares, com os militares a
ocuparem várias instituições de Estado, incluindo a rádio e a televisão
públicas, de onde os funcionários foram retirados e cujas emissões foram
suspensas.
A
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) voltou na
segunda-feira a ameaçar impor sanções a quem atente contra a ordem
constitucional estabelecida na Guiné-Bissau e acusou os militares de se
imiscuírem nos assuntos políticos.
Apesar
de antes ter reconhecido Umaro Sissoco Embaló como vencedor das presidenciais,
a CEDEAO condena agora todas as ações tomadas "contrárias aos valores e
princípios democráticos" e que atentam contra a ordem constitucional
estabelecida e "expõem os seus autores a sanções".
A
CEDEAO reitera a "necessidade absoluta" de se esperar pelo fim do
processo eleitoral e que vai ajudar a que sejam tomadas iniciativas para que
seja posto um fim ao impasse pós-eleitoral.
Cipriano
Cassamá, que tinha tomado posse na sexta-feira como Presidente interino, com
base no artigo da Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome
posse em caso de vacatura na chefia do Estado, renunciou domingo ao cargo por
razões de segurança, referindo que recebeu ameaças de morte.
O
primeiro-ministro Aristides Gomes denunciou que um grupo de militares invadiu a
sua residência, retirando as viaturas da sua escolta pessoal e proferindo
ameaças.
Aristides
Gomes tem utilizado a rede social Facebook para denunciar várias ocupações por
militares de instituições do Estado, incluindo que Nuno Nabian ocupou na
segunda-feira o seu gabinete do Palácio do Governo, no mesmo dia em que tomou
posse o seu executivo.
Umaro
Sissoco Embaló afirmou que não há nenhum golpe de Estado em curso no país e que
não foi imposta nenhuma restrição aos direitos e liberdades dos cidadãos.
Entretanto
o Governo liderado por Nuno Nabian emitiu um comunicado a referir que todas as
instituições públicas, inclusive a Radiodifusão nacional e Televisão púbçlica,
que se encontravam fechadas vão retomar os seus serviços a partir desta
terça-feira. ANG/Lusa
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