sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Gestão fundos públicos/Observatório da Democracia e Governação considera “pouco transparente” OGE/ 2020  

Bissau, 27 nov 20 (ANG) – O Secretário Executivo do Observatório da Democracia e Governação (ODG) considerou de “pouco transparente” o Orçamento Geral do Estado de 2020.

Saibana Baldé falava na cerimónia de lançamento oficial dos instrumentos sobre cidadania ativa e a avaliação da transparência orçamental, manual “Cidadão vs Democracia e Governação” e Índice de Transparência Orçamental (ITO)”.

Explicou que a sua organização chegou à essa conclusão através do análise dos passos dados para elaborar o Orçamento, e questiona  até que ponto as Organizações da Sociedade Civil ou cidadão comum têm acesso à essas informações.

Defendeu  que  informações sobre o Orçamento Geral do Estado é um direito que assiste ao cidadão em geral e as Organizações da Sociedade Civil.

Segundo Saibana Baldé, é importante que o Estado enquanto gestor, fazer o seu trabaho no sentido de promover o acesso à informação que é importante para o cidadão.

“Em boa verdade, nós apresentamos um instrumento que servirá para avaliar anualmente o envolvimento da sociedade civil e do cidadão na elaboração, aprovação e execução do orçamento”, frisou.

Baldé disse que o manual ora apresentado vai apetrechar os cidadãos das ferramentas que irão contribuir para a melhoria da sua atuação enquanto cidadãos, bem como elevar a qualidade de avaliação do OGE como meio fundamental de qualquer país, e que espelha a distribuição que se faz das riquezas produzidas no país.

Desafiou aos jovens, mulheres e atores sociais a impulsionarem o combate à má governação para a transparência e prestação de contas, em busca do desenvolvimento sustentável do país.

Segundo o coordenador do ODG, Mamadú Djamanca  na Guiné-Bissau a maioria das organizações da sociedade civil tem limitado as suas ações em reclamações, condenações, com inclinações aos interesses que norteiam as suas criações.

Disse que a sociedade civil organizada em associações, federações ou ONG´s têm como papel fundamental contribuir para o respeito dos seus direitos e acima de tudo  do interesse público, sublinhando que não deixa de ser a responsabilidade da sociedade civil o cumprimento do seu dever e obrigação por se tratar de uma dinâmica de reciprocidade.

“Só faz sentido reclamar dos direitos quando se cumpre com deveres e obrigações da cidadania”, disse.

Na perspetiva do ODG e das individualidades que lhe criaram, segundo Mamadú Djamanca, uma cidadania responsável e proativa mede-se pelo grau de comprometimento dos seus deveres cívicos e constitucional.

Mamadú Djamanca pediu ao Presidente da República para exigir que cada governante faça a declaração de bens para permitir a transparência na sua execução.

Em representação do Tribunal de Contas, Adelino Francisco Sanca salientou que a função republicana do controlo externo das finanças públicas atribuída ao Tribunal de Contas deve garantir que o dinheiro dos contribuintes seja legalmente utilizado e bem aplicado, não só segundo critério, como também de acordo com o resultado social.

Adelino  Sanca disse ser  uma função complexa, difícil e exigente que deverá acompanhar, cada vez mais, a complexa atividade do Estado sem pôr em causa as legítimas opções públicas do governo.

Sanca disse que a sociedade tem o direito de pedir que os dirigentes públicos prestem contas das suas gestões, acrescentando que a contabilidade pública destaca-se como um importante remédio de garantia de transparência da gestão de coisa pública.

Disse ainda que a recolha e utilização dos fundos públicos devem respeitar princípios do Estado de Direito baseado na legalidade, transparência, controlo democrático e responsabilidade, sustentando que os cidadãos utente/contribuinte dos serviços públicos devem ser informados de tudo o que se refere a governação e a gestão dos fundos públicos e devem ainda serem capacitados para exercer, no debate público, o seu direito de olhar sobre finanças públicas.

O representante da Embaixada dos Estados Unidos de América, Almamo Danfa aplaudiu os esforços do ODG, frisando que esse manual vai educar o público como advogar pacificamente pelos seus direitos perante os seus representantes eleitos.

Disse esperar que o Índice de Transparência Orçamental (ITO) criado no âmbito desse projeto fornece informações úteis para fazer juízo de valor sobre o exercício orçamental. ANG/DMG/ÂC//SG

 

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