Política/”Situação na Guiné-Bissau é “catastrófica” e
aproxima-se de “não Estado”, diz líder do PAIGC
Bissau,03 Dez 21(ANG) - O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, afirmou quinta-feira que a situação na Guiné-Bissau é "catastrófica" e que se aproxima "perigosamente" de um "não Estado".
"A situação do país é
catastrófica. Hoje, não é só o PAIGC que o diz, penso que hoje todos os atores
políticos e sociais chegam a essa compreensão. Pior, se ouvirmos com alguma
atenção, os próprios titulares dos órgãos da soberania admitem isso",
afirmou Domingos Simões Pereira, em declarações aos jornalistas na sede do
partido, em Bissau.
Para Domingos Simões
Pereira, a Guiné-Bissau está a aproximar-se "perigosamente de uma situação
de não Estado".
"A situação de não
Estado é uma situação de anarquia, porque ninguém garante segurança a
ninguém", afirmou, salientando que se trata de uma anarquia "física e
prática" na qual a sobrevivência "aceita que todos os métodos possam
ser utilizados para que as pessoas tenham acesso à satisfação dos seus interesses.
O líder do PAIGC, partido
vencedor das legislativas de 2019, mas que não está no poder, exemplificou com
o avião retido no aeroporto internacional de Bissau por ordem do
primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes Nabiam, e que terá aterrado no país a
pedido da Presidência guineense.
Nuno Gomes Nabiam decidiu
impedir o avião de sair do país e anunciou uma investigação externa ao caso,
pedindo apoio da comunidade internacional.
"Temos um objeto
estranho no aeroporto internacional Osvaldo Vieira e nós temos órgãos de soberania
e a população guineense a viajar a partir do aeroporto e a chegar ao aeroporto
como se de nada se tratasse. A nossa soberania está absolutamente violada, mas
temos de fingir que vivemos um quadro de normalidade. Isso acontece em relação
às nossas fronteiras marítimas, fronteiras terrestres", afirmou Domingos
Simões Pereira.
Para o antigo
primeiro-ministro, o caso não é isolado e não é um "simples acaso o que
está a acontecer".
"O acaso terá sido o
facto de o avião ter sido abordado e ao abordarem o avião descobrirem que o
avião não está propriamente à vontade para provar a sua legalidade, não só em
termos de proveniência, como em relação à carga que transporta. Se outros
aviões que passaram por cá tivessem sido abordados, já há muito tempo que
teríamos tido essa situação", salientou.
"Para ele (chefe de
Estado) ter um avião no aeroporto sem identificação da proveniência e da carga
é perfeitamente normal, como é normal ele entrar e sair do país com voos não
comerciais que não passam pelas regras de segurança, como é normal ter
exércitos estrangeiros a fazer exercícios no território nacional sem conhecimento
da Assembleia Nacional Popular, como é normal que haja assinatura de acordos
para exploração de recursos naturais sem o conhecimento da Assembleia Nacional
Popular", afirmou.
Para Domingos Simões
Pereira, é o "somatório" de tudo aquilo que vem mostrar que não se
está perante um "Estado de Direito democrático".
"Não podíamos estar
perante um Estado de Direito democrático, porque os titulares dos órgãos soberania
sabem da sua incoerência, da sua ilegalidade e da sua falta legitimidade",
salientou o líder do PAIGC. ANG/Lusa
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