França/ Macron declara que França “nunca combate o Islão”
Bissau, 05 Nov
20 (ANG) - Presidente francês, Emmanuel Macron, publicou, n
a quarta-feira à
noite, no jornal britânico Financial Times, uma tribuna para explicar que “a
França combate o separatismo islamita, nunca o Islão”, em resposta a um artigo
publicado na segunda-feira e entretanto retirado do “site” do jornal.
Na “carta à redacção”, também publicada na
página internet do Eliseu, o Presidente francês, explica que “a
França combate o separatismo islamita, nunca o Islão”, em resposta a um artigo publicado na
segunda-feira, mas entretanto retirado do “site”.
O chefe de Estado francês mostra-se
indignado com o artigo que acusa de “alimentar um clima de medo e de suspeição”
contra os muçulmanos de França.
“Baseando-se em falsas citações [confundindo ‘separatismo islâmico – um
termo que nunca usei e ‘separatismo islamita’ – uma realidade no meu
país,] fui acusado de estigmatizar, com fins eleitoralistas, os franceses
muçulmanos; pior, de alimentar um clima de medo e de suspeição contra eles”,
explica.
Como no canal Al-Jazeera, na semana
passada, Emmanuel Macron quer explicar, além-fronteiras, que a luta contra o
“separatismo islamita” não é um combate contra o Islão, numa altura em que os
muçulmanos de vários países fizeram vários protestos contra ele e em que houve
apelos ao boicote de produtos franceses.
Na carta, o Presidente francês recorda que
desde o ataque ao Charlie Hebdo em 2015, houve uma vaga de atentados em França
que fez 300 mortos – “mulheres
homens, polícias, militares, professores, jornalistas, caricaturistas, judeus,
um padre, jovens que viam um concerto ou bebiam um copo, crianças em frente à
escola, simples cidadãos” - e que o país está a ser atacado pelos
seus valores, pela laicidade, pela liberdade de expressão e que “não vai ceder”.
Emmanuel Macron fala dos casos de
"separatismo" islamita, evocando “centenas de indivíduos
radicalizados, que se teme, a qualquer momento, que agarrem numa faca e matem
franceses”.
“Em alguns bairros e na internet, grupos ligados ao
Islão radical ensinam às crianças de França o ódio contra a República e
pedem-lhes para não respeitarem as leis. Foi isso que chamei, num discurso, de
‘separatismo’. Não acreditam em mim? Releiam as mensagens, os apelos ao ódio
publicados em nome de um Islão devoto nas redes sociais que acabaram com a
morte do professor Samuel PATY há alguns dias”, disse.
O chefe de Estado francês pede para se visitar os bairros onde as meninas de três e quatro
anos usam o véu integral, são separadas dos meninos e, desde crianças, são
excluídas do resto da sociedade e educadas num projecto de ódio contra os
valores de França.
Ainda pediu que se fale com os governadores civis “que são confrontados, no
terreno, com centenas de indivíduos radicalizados temidos que, a qualquer momento, agarrem numa
faca e matem franceses”.
“É contra isto que a França quer lutar hoje. Contra projetos de ódio e
de morte que ameaçam as suas crianças. Nunca contra o Islão. Contra o
obscurantismo, o fanatismo, o extremismo violento. Nunca contra uma religião.
Dizemos: não no nosso país. é o nosso direito enquanto nação soberana. Enquanto
povo livre”,disse.
O Presidente conclui escrevendo: "Não deixarei nunca ninguém afirmar que a
França, o seu Estado, cultiva o racismo contra os muçulmanos” e
sublinha que “face aos
terroristas que querem dividir”, os franceses ficam “unidos” e
não precisam de “artigos de jornais
que tentam dividir” o povo
Emmanuel Macron lamenta que as suas
declarações tenham sido “deformadas”,
recorda que “as forças de ordem
protegem as mesquitas, como as igrejas e as sinagogas”, que “a França é um país que sabe o que deve à
civilização islâmica: a sua matemática, a sua ciência, a sua
arquitectura” e que anunciou “a criação em Paris de um instituto para mostrar toda essa riqueza”.
ANG/RFI
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