Portugal/SEDES propõe força lusófona de manutenção de paz e “Erasmus” da CPLP
Bissau, 06 Dez 21(ANG) – A criação de uma força lusófona de manutenção de paz que possa actuar em casos como o do conflito no norte de Moçambique, um “Erasmus” lusófono ou uma CiberUniversidade da CPLP foram propostas apresentadas pela SEDES para o reforço da comunidade lusófona.
No V
Congresso da SEDES –Associação para o Desenvolvimento Económico e Social -,
que decorre este fim de semana em Carcavelos, concelho de Cascais, a
organização apresentou uma série de propostas em diversas áreas que serão
depois publicadas em livro e que visam estimular cidadãos e a classe política a
pensarem o futuro de Portugal.
Pela
primeira vez, a SEDES criou este ano um grupo de trabalho sobre a Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no qual participaram pessoas naturais
de cada um dos Estados-membros, disse o escritor e pensador Renato Epifânio,
que hoje apresentou o relatório do grupo de trabalho durante o congresso.
“A
CPLP é estratégica para Portugal, mas não apenas para Portugal, para todos os
países membros. Só nessa premissa a CPLP terá futuro”, sublinhou, ao apresentar
as sete propostas da SEDES para a comunidade lusófona, que se centram em três
objectivos principais: mais circulação de pessoas e bens, mais cooperação e
mais crescimento.
A
primeira medida proposta pelo grupo de trabalho é a criação de um fundo de
desenvolvimento lusófono, uma estrutura financeira institucional lusófona de
suporte a um horizonte comum de envolvimento e cooperação entre os povos e as
economias da lusofonia.
“A
[recente] sucessão de acontecimentos no norte de Moçambique deixou uma vez mais
evidente que existe a necessidade imperiosa de uma força policial e
militarizada de manutenção de paz que, no quadro da ONU, possa agir no espaço
da CPLP com a eficácia, imparcialidade e compreensão da realidade local que
outras forças não lusófonas, naturalmente, não podem ter”, lê-se no relatório
do grupo de trabalho, sob a proposta de criação de uma força lusófona de
manutenção de paz.
Renato
Epifânio exemplificou com o que se passou em Timor-Leste no rescaldo do
Massacre de Santa Cruz, em 1991, quando foi enviada uma missão de manutenção de
paz da ONU.
“O
que aconteceu foi que as forças portuguesas foram as que tiveram melhor
interacção com a população local” e, por isso, as que tiveram melhor
desempenho, disse, acrescentando que essa força deveria ser complementada por
contingentes cívicos formados por jovens que possam promover ajuda humanitária
e ensino da língua portuguesa, “ainda tão precária em alguns países”.
A
terceira proposta visa que as grandes empresas do espaço lusófono se articulem
entre si, de modo a conseguirem uma maior competitividade face à concorrência
internacional, em prol de uma Área Lusófona de Comércio Livre, a ser
progressivamente constituída.
Tendo
em conta que Portugal tem uma das maiores plataformas marítimas da União
Europeia e que todos os países da CPLP têm uma costa marítima, “justifica-se
uma maior cooperação lusófona na investigação oceanográfica, visando, no
respeito pelo meio ambiente, uma maior capacidade de acesso aos recursos
subaquáticos, decerto uma das maiores fontes de riqueza no século XXI”, pode
ler-se na quarta proposta.
A
área da educação merece duas propostas: a criação de uma espécie de programa
Erasmus lusófono que permita a circulação de alunos e professores entre as
universidades dos nove Estados-membros, ao qual a SEDES propõe que se dê o nome
do escritor brasileiro Machado de Assis “por ser um excelente exemplo de
miscigenação étnico-cultural”; e a criação de uma CiberUniversidade da CPLP.
“Todos
esperamos que a pandemia passe, mas esta experiência reiterada de aulas em
videoconferência não vai terminar com certeza”, disse Epifânio, sugerindo a
criação de uma ou várias CiberUniversidades da CPLP, salvaguardando a qualidade
do ensino.
Finalmente,
como medida simbólica, a SEDES propõe a criação do domínio “.cplp” para
conteúdos lusófonos na Internet, à semelhança do que acontece com o domínio
“.eu” na União Europeia.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP, que este ano celebrou o seu 25.º aniversário, contando já com 32 países e organizações como observadores associados.ANG/Inforpress/Lusa
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