Política/PR da
Guiné-Bissau diz que há corrupção no Supremo Tribunal de Justiça
Bissau,03
Jun 20(ANG) - O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, disse
terça-feira que há corrupção no Supremo Tribunal de Justiça e que quem quiser
fazer política deve integrar os partidos políticos.
"Há
corrupção na mais alta instância de justiça da Guiné-Bissau que é o Supremo
Tribunal de Justiça", afirmou Umaro Sissoco Embaló, no aeroporto
internacional Osvaldo Vieira, em Bissau, momentos após ter chegado de uma
visita privada a França.
O chefe
de Estado disse que enquanto for Presidente não haverá "bandidos" no
Supremo Tribunal de Justiça e que já "tem solução para eles".
"Quem
quiser fazer política que vá ao PAIGC, Madem, PRS ou outro partido e vá tomar o
seu cartão de militante", declarou.
Umaro
Sissoco Embaló considerou também que a "reconciliação nacional" é um
"cinema".
"A
questão a meu ver é que tem de haver respeito mútuo entre as pessoas. Nós somos
gente com cultura de Estado. Este país não pode ser banalizado
sistematicamente", frisou.
No
âmbito da mediação da crise política na Guiné-Bissau, a Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) emitiu, em abril, um comunicado no
qual reconheceu Umaro Sissoco Embaló como Presidente do país e instou as
autoridades a nomear um novo Governo, que respeite os resultados das
legislativas de 2019, num prazo que terminou em 22 de maio, e a revisão da
Constituição.
A
Guiné-Bissau tem vivido desde o início do ano mais um período de crise
política, depois de Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela
Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente, apesar de
decorrer no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral
apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Na
sequência da sua tomada de posse, o Presidente guineense demitiu o Governo do
Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), liderado por
Aristides Gomes e nomeou para o cargo Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo
Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).
O
dirigente da APU-PDGB formou um Governo com o Movimento para a Alternância
Democrática (Madem-G15), o Partido da Renovação Social (PRS) e elementos do
movimento de apoio ao antigo Presidente guineense, José Mário Vaz, e do antigo
primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.
Domingos
Simões Pereira, líder do PAIGC, não aceitou a derrota na segunda volta das
presidenciais de dezembro e considerou que o reconhecimento da vitória do seu
adversário é "o fim da tolerância zero aos golpes de Estado" por
parte da CEDEAO.
A União
Europeia, União Africana, ONU, Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)
e Portugal elogiaram a decisão da organização sub-regional africana por ter
resolvido o impasse que persistia no país, mas exortaram a que fossem
executadas as recomendações da CEDEAO, sobretudo a de nomear um novo Governo
respeitando o resultado das últimas legislativas.
O
Supremo Tribunal de Justiça remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral
para quando forem ultrapassadas as circunstâncias que determinaram o estado de
emergência no país, declarado no âmbito do combate à pandemia provocada pelo
novo coronavírus.ANG/Lusa
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