Bissau,
03 jun 20 (ANG) - A casa de proteção de raparigas vítimas do casamento forçado
na Guiné-Bissau, que albergava 20 jovens, teve de as devolver à família devido à
falta de alimentos, disse terça-feira à Lusa o coordenador da instituição.
Laudolino
Medina, secretário executivo da Associação Amigos da Criança (AMIC), disse que "com muita pena" teve de dar
ordens para que as 20 raparigas regressassem aos ambientes familiares, desde o
mês de março, altura em que as autoridades declararam o estado de emergência
sanitária.
A AMIC
teve de acelerar o mecanismo de "mediação junto da família" para
permitir que regressem aos ambientes familiares, ainda que mediante alguns
riscos de serem novamente alvos de alguma forma de violência, sublinhou Medina.
"Tentámos
encontrar um parente, um tio, um primo, que possa receber a jovem", para
que não fique desamparada, já que o centro de acolhimento não tem capacidade de
as manter, a partir do momento em que os parceiros da AMIC limitaram as ajudas,
notou Laudolino Medina.
O responsável
assegurou que assim que passar o estado de emergência as raparigas voltam para
o centro.
Algumas
daquelas jovens foram acolhidas no centro por se terem recusado a um casamento
forçado ou precoce, outras por violência doméstica e outras na sequência de
incesto.
Todos
os casos aguardam por uma decisão da justiça, na sequência de queixas
apresentadas pela AMIC contra os agressores.
Laudolino
Medina disse estar "muito preocupado" com a situação de algumas das
raparigas que voltaram para o ambiente familiar, pelos relatos que vai
recebendo dos ativistas que as acompanham.
"Os
riscos de serem novamente alvo de violência baseada no género é patente",
observou Medina. ANG/Lusa
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