Costa do Marfim/Confrontos e apelo ao diálogo
em período pós-eleitoral
Bissau, 05 Nov 20 (ANG) –
Após a proclamação da vitória eleitoral
de Alassane Ouattara, com mais de 94% dos sufrágios, impasse
político e escalada da tensão, pontuada por mais de uma dezena de
mortos, caracterizam a situação na Costa do Marfim.
Segundo Mamadou Touré porta-voz do
partido no poder, as duas pessoas mortas em Toumodi, eram
jovens próximos de Amédé Koffi Kouakou, ministro do Equipamento.
Touré, que também é ministro da
Juventude, informou que uma coluna em que seguia o ministro da
Comunicação e porta-voz do governo, Sidi Tiemoko Touré, foi atacada
por atiradores entre Beoumi e Bouaké, no centro da Costa do Marfim, mas que não
houve feridos.
Os principais dirigentes da
oposição, nomeadamente o antigo presidente Henri Konan Bedié e o
ex-primeiro-ministro Pascal Affi N'guessan, que contestam a reeleição do
presidente cessante e criaram um "Conselho Nacional de
Transição", permanecem sob prisão domiciliária.
O Conselho Constitucional da
Costa do Marfim deve pronunciar-se sobre a validade ou
não da reeleição de Alassane Ouattara, que a oposição considera
inconstitucional.
Na quarta-feira, a França lançou um apelo
para que os protagonistas da crise política marfinense, ponham fim às
provocações e aos actos de intimidação.
O secretário-geral da ONU,
António Guterres exortou os dirigentes da Costa do Marfim a encetar um
diálogo construtivo e inclusivo, com vista à um desfecho para a
crise actual, bem como a respeitarem a ordem constitucional do país e os
princípios do Estado de direito.
Fontes diplomáticas na Costa do Marfim
informaram que as chancelarias ocidentais e africanas aconselharam a oposição
a não insistir na ideia de um governo de transição e ao presidente
Ouattara de optar pelo apaziguamento em vez da repressão.
Receia-se que, dez anos depois da crise pós-eleitoral que resultou na morte de 3000 pessoas, após o então presidente Laurent Gbagbo ter recusado aceitar a vitória de Alassane Ouattara na eleição presidencial, a Costa do Marfim volte a mergulhar numa nova crise profunda, que ponha em causa a coesão do país da África ocidental.ANG/RFI
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