Unicef/Milhões
de crianças com menos de dois anos sem os alimentos de que precisam
Bissau, 23 Set 21(ANG) – A metade das crianças com idade entre seis meses e dois anos de 91 países não faz o número mínimo de refeições recomendadas por dia, enquanto dois terços não têm a dieta variada necessária para se desenvolverem adequadamente.
A
denúncia é feita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), num
relatório hoje divulgado.
“Os
resultados do relatório são claros: Numa fase em que muito está em jogo,
milhões de crianças pequenas sentem a ameaça do fracasso”, declarou a directora
da Unicef, Henrietta Fore, citada num comunicado que insta a comunidade
internacional a esforçar-se para reverter esta situação.
Fore
insistiu que uma dieta pobre em nutrientes durante os primeiros dois anos de
vida pode “danificar de forma irreversível o corpo e o cérebro das crianças em
rápido crescimento, o que afecta a sua escolaridade, as suas perspectivas
laborais e o seu futuro”.
A
Unicef divulgou o documento na véspera da realização na ONU de uma Cimeira
sobre Sistemas Alimentares, uma reunião virtual que a organização levou mais de
um ano a preparar e na qual se esperam compromissos de muitos Governos para
transformar o modo como se produz, processa e consome comida.
A
directora da Unicef lamenta que se tenha avançado pouco nos últimos anos “para
fornecer o tipo adequado de alimentos nutritivos e seguros” de que os mais
jovens necessitam, apesar de esta situação ser conhecida há anos.
O
relatório adverte ainda de que o aumento da pobreza, da desigualdade, dos
conflitos, dos desastres relacionados com o clima e das emergências sanitárias
esteja a contribuir para desencadear uma crise nutricional entre as gerações
mais jovens “que deu poucos sinais de melhoria nos últimos dez anos”.
Em
concreto, a Unicef indica que uma análise realizada em 50 desses 91 países
estudados revelou que os padrões de má alimentação dos mais pequenos se
mantiveram sem alterações na última década.
Além
disso, a pandemia de covid-19 fez com que a percentagem de crianças que
consomem o número mínimo de refeições recomendado caísse em um terço em 2020,
comparado com 2018.
Como
exemplo, o organismo aponta que metade das famílias da cidade de Jacarta,
capital da Indonésia, se viram forçadas a reduzir a compra de comida.
“As
crianças ficam com as marcas de uma dieta pobre e de más práticas alimentares
para o resto da vida. A ingestão insuficiente de nutrientes que se encontram em
verduras, fruta, ovos, peixe e carne, que são necessários para sustentar o
crescimento numa tenra idade, coloca as crianças em risco de desenvolvimento
cerebral deficiente, dificuldades de aprendizagem, baixa imunidade, aumento de
infecções e, potencialmente, morte”, alerta a Unicef.
Para
melhorar esta situação, a agência especializada da ONU insta, entre outras
coisas, a que seja incentivada a produção, distribuição e venda de produtos
ricos em nutrientes, para aumentar a sua disponibilidade e acessibilidade.
Propõe
igualmente a criação de normas e leis estatais “para proteger as crianças
pequenas dos alimentos e bebidas processados e ultra processados que não são
saudáveis e pôr fim às práticas comerciais nocivas dirigidas às crianças e às
famílias”.
“A Cimeira
sobre Sistemas Alimentares é uma oportunidade importante para preparar o
cenário necessário para que os sistemas alimentares mundiais possam satisfazer
as necessidades de todas as crianças”, sublinhou a directora da Unicef. ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário