Angola/MPLA e UNITA trocam acusações em relação a um alegado acordo pós-eleitoral
Bissau, 02 Ago
22 (ANG) - O secretário do MPLA para os assuntos políticos eleitorais, João de
Almeida Martins, negou que os dirigentes do partido no poder em Angola estejam
a manter conversações com a Unita, principal partido de oposição, sobre uma
possível transição pós-eleitoral, contrariando afirmações neste sentido do líder
da Unita, Adalberto da Costa Júnior.
Em conferência de imprensa segunda-feira,
em Luanda, o secretário do B
ureau Político do MPLA para os Assuntos Políticos e
Eleitorais, João de Almeida Martins, rejeitou ter negociado uma transição de
poder num encontro com o líder da Unita, o responsável político reconhecendo
ter conversado com o presidente do “Galo Negro”, mas a pedido do político da
Unita.
Ao lamentar que Adalberto Costa Júnior
tenha feito uma "leitura errada" daquilo
que se tratou no encontro realizado no passado dia 27 de Maio, o secretário do
Bureau Político dos “camaradas” para os Assuntos Políticos e Eleitorais referiu
ter sido “abordado
pelo presidente do grupo parlamentar do MPLA, no sentido de se disponibilizar
para um encontro com o presidente da Unita, do qual deu nota ao presidente do
partido (João Lourenço, também Presidente da República)".
"Nós realizamos este encontro no dia 27 de Maio, no período da
tarde, e dialogámos mais de três horas com o actual presidente da Unita” referiu o responsável político afirmando que
durante esta reunião, foram abordados problemas do momento político actual,
nomeadamente as listas eleitorais e o tratamento da base de dados, mas não foi
evocada a eventualidade de uma transição política pós-eleitoral.
“Qual transição, qual negócio”,
sublinhou Martins para quem só “um lunático” pensaria
derrotar o partido que governa Angola desde 1975. Este responsável do MPLA
referiu ainda que no âmbito do encontro mantido em finais de Maio, o líder da
Unita tinha sido avisado que algumas das acções que estava a organizar poderiam
ter “um
carácter subversivo” e que “a subversão foi vencida a 22 de Fevereiro de
2002 [quando o líder e fundador da UNITA, Jonas Savimbi foi morto em combate] e
foi vencida pelo Estado angolano”.
Em reacção, Álvaro Chicuamanga,
secretário-geral da Unita, desmentiu as informações transmitidas pelo partido
no poder e avançou que o referido encontro resultou de um convite do secretário
do Bureau Político do MPLA para os Assuntos Políticos e Eleitorais e não dos
“maninhos”.
Álvaro Chicuamanga explicou que neste
encontro se tratou da promoção do diálogo, com a finalidade de afastar todo o
tipo de crispação política que possa minar o ambiente eleitoral, já que o MPLA
e a Unita têm maiores responsabilidades no mosaico político angolano.“Os dois maiores
partidos, pela sua grandeza e história, devem procurar sempre dialogar para
poder afastar todo o tipo de crispação que possa minar o ambiente. Houve uma
reunião que foi proposta por eles próprios e
ocorreu", sublinhou Álvaro Chicuamanga, secretário-geral da Unita.
O próprio líder da Unita reiterou hoje ter
mantido um encontro com dirigentes do MPLA para abordar uma eventual transição
pós-eleitoral e acusou o partido que governa o país de "defender
ilegalidades para ficar no poder e ameaça com instabilidade”. Ao
considerar que "quantos mais encontros, quanto mais diálogos houver, melhor para
o país”, o líder da Unita ainda perguntou "então
falamos de quê durante três horas e meia?”.
Recorde-se que Angola organiza no próximo
dia 24 de Agosto as suas quintas eleições gerais (depois dos escrutínios
organizados em 1992, 2008, 2012, 2017, todos eles vencidos pelo MPLA). A
campanha eleitoral que arrancou há um pouco mais de uma semana reúne oito
forças políticas concorrentes. ANG/RFI
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