Lançada Zona
Continental de Comércio Livre em África
Bissau, 23 Mar 18 (ANG) – Quarenta e quatro países
membros da União Africana lançaram recentemente em Kigali uma zona continental
de Comércio livre em África.
A cerimonia ficou marcada com a assinatura do
certificado de nascimento da referida zona, falta agora ser ratificado.
Caso seja o caso, poderá tornar-se na maior zona de
livre circulação do mundo,composto por 1,2 bilhões de pessoas.
Um dos principais objectivos da iniciativa é o de, num
prazo de 10 anos, suprimir as taxas alfandegárias em 90 por cento dos produtos.
Com isto, procura-se sobretudo estimular o comércio interno africano, que se
encontra debilitado: o continente absorve menos de 20 por cento das suas
exportações, contra 70 por cento da Europa.
Isto deve-se sobretudo ao facto das taxas
alfandegárias africanas serem superiores a 6 por cento, o que faz com que, para
muitos países africanos, seja mais caro negociar com parceiros africanos do que
com entidades exteriores ao continente.
Pelo menos é
que sublinha o Presidente
do Níger, Mahamadou Issoufou, que tem estado na liderança do
programa, quando afirma que procura "acabar com o estatuto actual de uma
África como reserva de matérias primas e como consumidora de produtos manufacturados
fora do continente".
Em declarações ao jornal francês Le Monde, o guineense
Carlos Lopes, antigo secretário executivo da Comissão Económica para África da
ONU, também se afirma optimista, ao considerar que, com a introdução da zona de
comércio livre, as trocas entre países africanos aumentarão em 50 por cento.
Alguns paises ainda estão reticentes perante a
iniciativa , a Nigéria é um deles. O
Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, faltou ao encontro em Kigali.
A Nigéria representa a segunda maior economia africana
e é composta por 190 milhões de habitantes, sendo a maior potência demográfica
africana.
Num comunicado, a presidência nigeriana afirmou que o
objectivo era o de "dar mais tempo às consultações com o sector
privado".
Efectivamente, a concretização do projecto de uma
zona de comércio livre criou reticências na Nigéria, com várias entidades do
sector privado a oporem-se veementemente contra a sua ratificação.
Diante desta reticência nigeriana, há também países
entusiastas com a perspectiva da criação desta zona de comércio livre, como é o
caso de Moçambique.
Filipe Nyusi,
Presidente de Moçambique, assim como João Lourenço, Presidente de Angola, estiveram
em Kigali na Cimeira Extraordinária da
União Africana.
Em declarações à RFI, o Ministro dos Negócios
Estrangeiros e Cooperação, José Pacheco, afirmou que via com bons olhos a
ratificação deste acordo: "os nossos produtos têm oportunidade de serem
colocados nos mercados dos outros países e vice-versa", realçando que o
país "vai poder crescer com a sua produção e vai poder ter melhores
oportunidades de negociar os seus produtos".
Ainda assim, até que o acordo entre, efectivamente, em
vigor, é preciso que seja ratificado por, pelo menos, 20 países. Até lá,
espera-se conseguir superar as reticências de países como a Nigéria mas também
países mais pequenos que, ao retirarem-se as taxas alfandegárias, perderiam um
recurso valioso. ANG/RFI
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