José Eduardo dos
Santos anuncia congresso extraordinário para “resolver” liderança no MPLA
Bissau, 16 Mar 18 (ANG) – O presidente do MPLA e ex-chefe de Estado angolano, José
Eduardo dos Santos, anunciou hoje a realização de um congresso extraordinário
para “resolver” a liderança no partido, a convocar para Dezembro deste ano ou
Abril de 2019.
O anúncio foi feito hoje, pelo líder do
MPLA, no discurso de abertura da 5.ª sessão ordinária do Comité Central, que
decorre no Complexo Turístico Futungo 2, em Luanda.
A reunião acontece numa altura em que
vários militantes criticam abertamente a alegada bicefalia no partido no poder
em Angola desde 1975, entre João Lourenço, vice-presidente do partido e chefe
de Estado desde Setembro, e José Eduardo dos Santos a liderar o MPLA desde
1979.
Durante a intervenção, José Eduardo dos
Santos, que foi chefe de Estado em Angola durante 38 anos e não concorreu às
eleições gerais de Agosto passado, recordou que se comprometeu a envolver-se
“pessoalmente” no grupo de trabalho que ao longo de 2018 vai “preparar a
estratégia” do MPLA para as primeiras eleições autárquicas em Angola.
“Assim, recomendo, por ser mais
prudente, que a realização do congresso extraordinário do partido, que vai
resolver a liderança do MPLA, seja em Dezembro de 2018 ou Abril de 2019”,
disse, sem adiantar mais pormenores sobre este processo.
Na mesma intervenção, de mais de 10
minutos e essencialmente voltada para os assuntos internos do MPLA, José
Eduardo dos Santos apontou a necessidade de “apoiar o executivo”, liderado por
João Lourenço, e “manter uma sincronia entre a direcção do MPLA e o executivo”.
“O partido deve ser um corpo vivo,
actuante, dinâmico, sempre em estado de prontidão combativa, em prol da
realização dos interesses mais profundos do nosso povo”, disse José Eduardo dos
Santos.
Para o ex-presidente, é “imperioso que o
partido seja cada vez mais forte, com maior capacidade de intervenção junto das
comunidades, ganhando assim relevância o papel das suas estruturas de base, que
têm por tarefa mobilizar e organizar, não só os militantes, mas também os
cidadãos nas suas áreas de circularização territorial”.
Apesar de ter deixado a presidência
angolana, José Eduardo dos Santos mantém-se líder do MPLA com mandato até 2021
e ainda não se referiu publicamente às mudanças que João Lourenço tem vindo a
implementar, nomeadamente ao afastamento dos seus filhos de lugares chave nas
primeiras semanas da nova governação.
O Presidente da República de Angola,
João Lourenço, disse a 08 de Janeiro que não sente crispação com o ex-chefe de
Estado José Eduardo dos Santos, mas aguarda que cumpra o compromisso
anteriormente assumido, de deixar a liderança do partido em 2018.
“Só a ele compete dizer se o fará, se
vai cumprir com esse compromisso. Quando isso vai acontecer, só a ele compete
dizer”, disse o Presidente da República, que falava nos jardins do Palácio
Presidencial, em Luanda, na sua primeira conferência de imprensa com mais de
uma centena de jornalistas de órgãos nacionais e estrangeiros.
Na mesma ocasião, Lourenço disse manter
“relações normais de trabalho” com o presidente do partido, negando qualquer
bicefalia na governação em Angola, até porque “nada está acima da
Constituição”, ambos trabalhando em “campos distintos” e com “cada um a cumprir
o seu papel”.
Desde que assumiu o cargo de Presidente
da República, João Lourenço já realizou mais de 300 nomeações, que corresponderam
a várias dezenas de exonerações, incluindo da empresária Isabel dos Santos da
Sonangol e de José Filomeno dos Santos, filhos de José Eduardo dos Santos, e de
mais de 30 oficiais generais em posições de topo na hierarquia militar,
valeram-lhe a alcunha nas redes sociais: “O exonerador implacável”.
Foram “tantas quantas as necessárias”,
respondeu, a propósito, o chefe de Estado.
ANG/Inforpress/Lusa
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