EUA/ONU e
Fundação Gates doam 2,7 mil milhões para melhorar acesso a planeamento familiar
Bissau, 18 Nov 21(ANG) – As Nações Unidas e a Fundação Gates prometeram doar 3,1 mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros) nos próximos cinco anos para que mulheres e raparigas em todo o mundo tenham acesso a planeamento familiar.
A
parceria Family Planning 2030 (FP2030), que reúne governos, sociedade civil,
organizações multilaterais, doadores, sector privado e comunidade científica
para proteger os direitos reprodutivos das mulheres e raparigas, anunciou hoje
o compromisso em comunicado.
Segundo
a parceria, este compromisso financeiro foi alcançado num evento que marcou o
lançamento de uma nova década do programa – a FP2020 foi lançada em 2012 – e
resulta sobretudo das doações do Fundo das Nações Unidas para a População
(UNFPA, na sigla em inglês), que prometeu 1,7 mil milhões de dólares (1,5 mil
milhões de euros) nos próximos quatro anos, e da Fundação Bill e Melinda Gates,
que doará 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) ao longo dos
próximos cinco anos.
A
Federação Internacional para a Parentalidade Planeada (IPPF, na sigla em
inglês) e a Fòs Feminista, uma plataforma internacional de organizações que
defendem os direitos reprodutivos das mulheres e meninas, também se
comprometeram com doações.
A
FP2030 aplaude ainda compromissos assumidos por vários governos africanos,
incluindo o Benim, o Burkina Faso, a Etiópia, a Guiné-Conacri, o Quénia,
Madagáscar, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Tanzânia, Togo e Uganda.
Segundo
a FP2030, o número de actores comprometidos com os objectivos da parceria
aumentou assim para 46.
Segundo
o comunicado, o Burkina Faso comprometeu-se a garantir a disponibilidade e
acesso a informação de qualidade sobre saúde reprodutiva e serviços adaptados
às necessidades das adolescentes e jovens em 100% das unidades públicas de
saúde até 2025, enquanto a Etiópia prometeu aumentar o financiamento para os
serviços de planeamento familiar e definiu a meta de reduzir a gravidez
adolescente de 12,5% para 7% até 2025 e para 3% até 2030.
A
Guiné-Conacri comprometeu-se a aumentar substancialmente a disponibilidade,
qualidade e acessibilidade dos serviços de planeamento familiar para alcançar
que até 2023 estejam disponíveis em 90% das unidades de saúde públicas; o
Quénia quer aumentar a taxa de prevalência do uso de contraceptivos modernos de
58% para 64% das mulheres casadas até 2030.
A
Nigéria prometeu aumentar o financiamento do planeamento familiar, alocando um
mínimo de 1% dos orçamentos nacional e estatal para a saúde para financiar o
planeamento familiar até 2030.
A
Tanzânia comprometeu-se a reduzir a taxa de gravidez adolescente de 27% para
20% até 2025 e a aumentar a taxa de prevalência do uso de contraceptivos
modernos para todas as mulheres de 32% em 2019 para 47% até 2030; enquanto o
Uganda prometeu alocar 10% dos recursos da saúde materno-infantil para os
serviços de saúde reprodutiva adolescente até Julho de 2025 e a aumentar o uso
de contraceptivos modernos de 30,4% em 2020 para 39,6% até 2025.
Desde
o seu lançamento em 2012, sublinha-se no comunicado, a FP2020 contribuiu para
aumentar o número de pessoas que usam contraceptivos em 60 milhões em nove
anos, duplicando o número de utilizadores de contracepção moderna em 13 países
de baixo rendimento, prevenindo mais de 121 milhões de gravidezes indesejadas,
21 milhões de abortos inseguros e 125.000 mortes maternas só em 2019.
No
último relatório da parceria, divulgado no evento de lançamento da FP2030, a
directora-executiva, Samukeliso Dube, e a presidente do conselho de
administração da FP2030, Mereseini Vuniwaqa, classificam estes resultados como
um “êxito enorme”, mas sublinham que não se pode “descansar” agora.
“Vimos
o impacto da covid-19 no acesso às informações e serviços de planeamento
familiar. Uma crise global como esta pandemia revela a fragilidade dos ganhos
para as mulheres e as raparigas”, dizem.
“Acreditamos
que o planeamento familiar é (…) a chave para reduzir as mortes maternas; é a
diferença entre acabar a escola e entrar no casamento e gravidez precoce; pode
desbloquear a prosperidade e a sobrevivência económica das mulheres. Sem
planeamento familiar nunca alcançaremos a igualdade de género”, concluem.
Em 2022, a FP2030 vai abrir escritórios regionais em África, Ásia e na América Latina, devendo as localizações dos primeiros dois, ambos em África, ser anunciadas no início do próximo ano. ANG/Inforpress/Lusa
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