Violência contra mulheres/ Estudo revela que 67% das mulheres já sofreram algum tipo de violência na Guiné Bissau
Bissau, 25 Nov 21
(ANG) – Um estudo sobre a violência
contra a mulher na Guiné-Bissau revelou que
67 por cento das mulheres guineenses já sofreram de algum tipo de
violência por parte dos homens.
Na primeira fase, segundo
a Nota, o estudo analisou a situação socioeconómica das mulheres para melhor
compreender os recursos e competências da mulher guineense para fazer face à
violência. Verificou-se que o casamento precoce é uma prática comum, com quase
metade das mulheres inqueridas a casar antes dos 18 anos, 36 por cento entre os
15 e os 18 anos e 35 por cento engravidou antes dos 18 anos.
Na segunda fase do
Estudo, de acordo com a nota assinada pela Técnica de Comunicação da Fundação
Fé e Cooperação(FEC) Tânia Jesus, foi
analisada a situação da mulher face à violência por parte de um parceiro ou não
parceiro.
E concluiu-se que 44 por cento das mulheres que têm ou já
tiveram um parceiro referem ter sofrido violência psicológica, 38 por cento
violência física, 22 violência sexual e
cerca de 25 por cento sofreu igualmente da violência económica ou seja uma em
cada três mulheres foi vítima de mais do que um tipo de violência.
No que se refere à violência
sexual, o estudo, cuja nota foi tornada pública hoje, Dia Internacional de Luta Contra a Violência e Abuso contra Mulheres, revela que 54 meninas e mulheres
foram vítimas de violência sexual e 47 vítimas de tentativas de violação.
Conforme a nota, o
estudo analisou ainda a Mutilação Genital Feminina, considerada crime na
Guiné-Bissau desde 2021, e apurou que 60 por cento das mulheres inqueridas foram
submetidas à esta prática nefasta.
O estudo sublinha a
necessidade de se mover, com caracter de
urgência, acções em defesa dos direitos das mulheres e crianças
face à violência que se verifica, constantemente, contra crianças, raparigas e mulheres.
O estudo sobre a
violência contra a mulher na Guiné-Bissau recomenda a intensificação de acções
de sensibilização e formação sobre leis e educação parental, agindo em prol da
mudança dentro do seio familiar, comunitário e da sociedade guineense em geral,
mobilizando homens e líderes comunitários para a promoção da paz, bem-estar e
hamonia no meio familiar.
A mudança dessa
situação de violação dos direitos das crianças, meninas e de mulheres passa
igualmente pela responsabilização e trabalho em rede das autoridades e
entidades envolvidas, para se garantir as intervenções e o seguimento necessário,
desde a identificação dos casos, passando pelo atendimento às vítimas, eventual
acolhimento das mesmas, acompanhamento e proteção psicossocial, registo pelas
autoridades policiais e encaminhamento para o acompanhamento judicial junto do
tribunal.
“Estas etapas são
fundamentais para que as mulheres e meninas vítimas de violências, nas suas
diferentes formas, vissem os seus direitos protegidos e garantidos na
Guiné-Bissau”, lê-se na Nota.
O estudo foi realizado no âmbito do Projecto Nô Na Cuida de Nô Vida, Mindjer- emancipação
e Direitos das mulheres na Guiné-Bissau, implementado pelas ONG Mani Tese, FEC
e EMGIM, com o apoio finaceiro da União Europeia, da Kindermissionswerk, do
Camões- Instituto da Cooperação e da Língua, I.P., da Otto per Mille, da Igreja
Valdese e da Conferência Episcopal Italiana, com o intuito de caracterizar e
diagnosticar a situação das mulheres no que se refere à violência contra as
mulheres e raparigas.ANG/LPG/ÂC//SG
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