Golpe
de Estado/Cartum viveu a noite mais sangrenta
Bissau, 18 Nov
21 (ANG) - As forças de segurança sudanesas dispersaram hoje com gás lacrimogéneo
dezenas de pessoas que continuavam a manifestar contra o golpe militar do
passado dia 25 de Outubro, poucas horas depois da noite mais sangrenta desde
que o general Abdel Fattah al-Burhane afastou por completo os civis do poder no
Sudão.
Só na noite de quarta-feira a repressão
das manifestações em Cartum provocou 15 mortos, fazendo ascender a 39 o número
total de vítimas mortais, entre as quais 5 adolescentes, desde o golpe de 25 de
Outubro, dia em que o general Abdel Fattah al-Burhane reassumiu sozinho o
poder, dissolvendo os órgãos civis que tinham sido instalados no intuito de
assegurar a transição rumo a eleições, depois da queda em 2019 do ex-presidente
Omar el Beshir.
Esta quinta-feira, alguns manifestantes
continuavam ainda concentrados no norte da capital onde tinham erguido
barricadas, mas acabaram por ser dispersos pelo exército que disparou granadas
lacrimogéneas contra eles.
Após três semanas de protestos, com a
repressão do exército bem como cortes de telefone e de internet, a teia
continuando alias perturbada hoje, a mobilização parece estar a diminuir.
Observadores notam que ainda no passado
dia 30 de Outubro os manifestantes contavam-se em dezenas de milhares, mas
ontem eram alguns milhares. Esta quinta-feira um novo apelo à desobediência
civil transmitido por SMS acabou por não encontrar eco e a circulação retomou
normalmente nas ruas de Cartum.
A nível externo, também são poucas as
reacções perante a chapa de chumbo que se abateu sobre o país, com a excepção
da vice-secretária de Estado americana para os Assuntos Africanos, Molly Phee,
que esta manhã condenou a "violência contra manifestantes pacíficos",
enquanto o togolês Clément Voule, relator da ONU para a liberdade de associação,
lançou um apelo para que "a comunidade internacional exerça pressões
sobre o Sudão para pôr fim à repressão "
De referir que ainda ontem o chefe da diplomacia
americana Antony Blinken, actualmente em digressão no continente africano,
declarou que o país só voltaria a ter o apoio da comunidade internacional se a
"legitimidade" do governo fosse restaurada.ANG/RFI
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