São Tomé e Príncipe/ Ex-presidente do parlamento nega envolvimento em golpe
Bissau, 01 Dez
22 (ANG) - Delfim Neves, deputado do Movimento Basta, encontra-se sob Termo de
identidade e residência (TIR) desde que foi libertado na terça-feira por ordem
da justiça são-tomense por inexistência de "indícios fortes e
sólidos" do seu envolvimento na suposta tentativa de golpe de Estado.
O também antigo
presidente da Assembleia Nacional afirma ter sido levado de sua casa na
sexta-feira por militares, tendo sido transferido no dia seguinte para as
instalações da Polícia judiciária.
Delfim Neves falou à imprensa são-tomense
na tarde de terça-feira recusando
algum dia poder pactuar com a política com manchas de sangue,
descartando, desta feita, qualquer envolvimento na susposta tentativa de golpe
de Estado que as autoridades do arquipélago denunciam ter-se registado aquando
do ataque a 25 de Novembro do quartel da capital.
Na altura acabariam por falecer 4 pessoas,
incluindo Arlécio Costa, antigo membro do "batalhão Búfalo",
tratar-se-iam de civis que teriam tentado entrar à força naquela instalação
militar.
Antes da conferência de imprensa de Delfim
Neves o seu advogado Hamilton Vaz
denunciou uma "tramóia" para aniquilar o deputado do movimento
Basta cuja imunidade parlamentar não teria sido respeitada.
O advogado lembra que só as autoridades policiais podem efectuar
detenções, ora ele afirma ter sido levado de casa por militares para o quartel.
Hamilton Vaz assumia também a sua preocupação relativamente aos militares
detidos, num contexto em que surgiram várias denúncias de torturas, com a
circulação de fotografias alusivas nas redes sociais.
Ao todo 17 pessoas tinham sido detidos,
sobretudo militares de baixa patente que alegam temer pela sua vida no quartel,
para onde teriam sido entretanto transferidos, não obstante a justiça ter-lhes
confirmado ordem de prisão.
Hamilton Vaz denuncia uma "inventona" para aniquilar Delfim Neves, antigo
líder do PCD, Partido da convergência democrática, e ex presidente do
parlamento, figura crítica da ADI, Acção democrática independente.
Este é o partido do primeiro-ministro
Patrice Trovoada que acaba de assumir as rédeas do poder, na sequência da
sua vitória com maioria absoluta nas eleições legislativas de 25 de Setembro.
O Tribunal de primeira instância em São
Tomé e Príncipe decidiou, pois, nesta terça-feira colocar Delfim Neves em
liberdade.
Reagindo às leituras do suposto
favorecimento de que o ex presidente do parlamento podia ter beneficiado por
parte da juiza, tida como próxima da sua pessoa, Hamilton Vaz, o seu advogado,
alega que ela se limitou a aplicar a justiça em função dos factos que tinha em
sua posse.
"A juíza não faz milagre. Juíza
deve actuar com base nos factos que têm à frente e os factos de que ela
dispunha não há indícios do envolvimento dele nesse processo. O termo golpe de
Estado é a apelidação que o primeiro ministro deu ao assalto ao quartel.
Nenhum órgão de soberania foi beliscado é um assalto a quartel feito por um
grupo de cidadãos, quatro civis fracos, sem nenhuma preparação que foram
introduzidas dentro do quartel naquilo que eu chego também a chamar um
"teatro", uma "inventona" senão "tramóia" para
aniquilar o Delfim Neves e o Arlécio Costa. Não faltava muito para que o
Delfim Neves, ex-presidente da Assembleia, também fosse abatido."
ANG/RFI
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