Bruxelas/Comissão Europeia diz que ainda há possibilidades de mediação
para reverter golpe no Níger
Bissau,
08 Ago 23 (ANG) - A Comissão Europeia considerou hoje que ainda "há uma
possibilidade de mediação” para reverter o golpe militar no Níger e advertiu
que “não haverá consequências positivas” com a cimentação do poder tomado à
força.
“Nesta altura, ainda acreditamos que
há uma possibilidade de mediação”, referiu o porta-voz da Comissão Peter Stano,
em conferência de imprensa, em Bruxelas.
O porta-voz para os Negócios
Estrangeiros acrescentou que “não haverá consequências positivas se este golpe
militar se cimentar”.
“Cada vez que acontece um golpe destes
surgem ameaças à segurança regional e internacional. Não o reconhecemos”,
completou.
Questionado sobre a existência de mais
informações sobre o Presidente deposto, Mohamed Bazoum, Peter Stano disse que
“não houve mais contactos” com o chefe de Estado, que está detido em casa.
Contudo, o alto-representante da União
Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, “esteve em contacto
com vários interlocutores” e a Comissão está “em contacto com os
Estados-membros”, já que o assunto “é importante para a UE”.
A CEDEAO realiza na quinta-feira uma
nova cimeira extraordinária, após o ultimato aos militares golpistas do Níger
para se retirarem ter expirado à meia-noite de domingo, para avaliar a
possibilidade de uma ação militar, anunciou hoje a organização.
A reunião, que terá lugar em Abuja, a
capital nigeriana e sede da organização, foi convocada pelo Presidente da
Nigéria, país que detém a presidência da CEDEAO, Bola Tinubu.
Na anterior cimeira extraordinária dos
líderes da CEDEAO, realizada em 30 de julho, o bloco ameaçou a junta militar
golpista com uma intervenção militar se não devolvessem o poder ao Presidente
deposto, Mohamed Bazoum.
Desde então, o possível recurso à
força tem dividido os países africanos e até os membros da CEDEAO.
Até à data, os governos da Nigéria, do
Benim, da Costa do Marfim e do Senegal confirmaram claramente a disponibilidade
dos seus exércitos para intervir no Níger.
Do outro lado, o Mali e o Burkina
Faso, países próximos de Moscovo e governados também por juntas militares,
opõem-se ao uso da força e argumentam que qualquer intervenção no Níger
equivaleria a uma declaração de guerra também contra si.
A Guiné-Conacri, a Argélia e o Chade
também se opuseram à intervenção.
Por seu lado, a junta no poder no Níger,
que advertiu que qualquer ação militar contra o Níger será objeto de "uma
resposta imediata e sem aviso prévio" do exército, reforçou o seu
dispositivo militar e ordenou o encerramento do espaço aéreo no domingo.
O golpe de Estado no Níger foi conduzido
em 26 de julho pelo autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da
Pátria (CLSP), que anunciou a destituição do Presidente, a suspensão das
instituições, o encerramento das fronteiras (que foram posteriormente
reabertas) e um recolher obrigatório noturno até nova ordem.
O Níger tornou-se assim o quarto país
da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da
Guiné-Conacri e do Burkina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020
e 2022. ANG/Lusa
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