Nigéria à beira de uma das maiores crises
humanitárias do mundo por falta de fundos
Bissau, 18 Abr 17 (ANG) - O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas
poderá, em poucas semanas, ficar sem financiamento para alimentar milhões de
pessoas que vivem à beira da fome na Nigéria, intensificando uma das maiores
crises humanitárias do mundo, disseram fontes próximas do processo, citadas
pela Reuters.
No nordeste do país, 4,7 milhões de pessoas, grande
parte refugiados do conflito com o grupo terrorista Boko Haram, precisam de
rações para sobreviver, de acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), um
dos principais grupos de ajuda de distribuição de alimentos.
De acordo com uma fonte que pediu o anonimato por
não estar autorizada a falar com a imprensa, o PAM tem fundos para continuar a
apoiar os necessitados apenas até 18 de maio. A organização estava
“praticamente segura” de que receberia financiamento suficiente para durar até
o final de junho, acrescentou a fonte.
Muitos dos que vivem em acampamentos
de deslocados dizem que já mal conseguem o suficiente para comer.
“Todas as crises humanitárias a nível global estão
lamentavelmente subfinanciadas e para o PAM a Nigéria está numa das piores
situações de financiamento”, disse uma porta-voz do PAM.
A proximidade da estação das chuvas aumenta o risco
de propagação de doenças, especialmente nos campos de deslocados, aumentando a
pressão aos esforços para responder à crise humanitária.
A embaixada dos EUA em Abuja disse que o governo
norte-americano está a trabalhar “urgente e cooperativamente com os parceiros
num esforço para atender as necessidades humanitárias críticas no nordeste da
Nigéria”.
“Não há fundos adequados para sustentar a resposta
global a essas necessidades. Recursos adicionais devem ser encontrados com
urgência para que a alimentação não pare”, disse a embaixada através
de email à Reuters.
O PAM, juntamente com outros grupos, estão a ser
alvo de críticas na Nigéria pela sua lenta reação à crise humanitária no
nordeste, apenas lançando uma resposta completa no ano passado, enquanto outras
organizações de ajuda estavam no país desde pelo menos 2014.
Esta crise é uma das consequências do conflito
com o Boko Haram, que procura estabelecer um califado no nordeste da Nigéria
desde 2009, e que não dá sinais de acabar. Um conflito que já fez mais de
20.000 mortos e deslocou mais de dois milhões de pessoas.
Apesar do exército nigeriano garantir que a
insurreição está a acabar, grande parte do nordeste do país, em particular o
estado de Borno, permanece sob a ameaça constante do Boko Haram. Atentados
suicidas e ataques armados aumentaram na região desde o final da estação chuvosa
no final do ano passado.
ANG/ e-Global
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