Opositores travam batalha parlamentar e jurídica para
adiar planos
de Johnson
Bissau, 03 set 19 (ANG) - O
Parlamento do Reino Unido reabre nesta terça-feira depois de um período de
recesso e em meio a uma enorme crise política diante do Brexit.
Os parlamentares devem
tentar aprovar às pressas uma nova lei para impedir que o país saia da União
Europeia sem nenhum acordo com o bloco, contrariando a vontade do
primeiro-ministro, Boris Johnson.
Ainda nesta terça-feira,
um tribunal deve decidir sobre a possível inconstitucionalidade da decisão de
Johnson de suspender o Parlamento a partir da semana que vem.
A sessão parlamentar desta terça-feira é praticamente a primeira
grande prova de fogo para Boris Johnson desde que ele assumiu o governo em
julho, com o agravante de que ele anunciou uma suspensão do Parlamento a partir
da semana que vem, causando uma enorme revolta.
O primeiro-ministro já disse repetidas vezes que o Reino Unido
vai sair da União Europeia em 31 de outubro, custe o que custar. Mas a
interpretação da oposição e de muitos parlamentares dentro do próprio Partido
Conservador é de que Johnson terá dificuldades para obter um novo acordo com o bloco,
mesmo com um encontro final entre ele e chefes de Estado europeus marcado para
a terceira semana de outubro.
Esses parlamentares, que
incluem por exemplo o ex-ministro das Finanças do governo de Theresa May,
Philip Hammond, devem tentar aprovar hoje uma nova proposta de lei que obrigue
o primeiro-ministro a pedir à União Europeia uma extensão do prazo para o
Brexit até 31 de janeiro do ano que vem, se o Parlamento rejeitar
qualquer tipo de acordo até 19 de outubro.
A data original marcada
para a saída era 31 de março passado, e essa seria a segunda extensão
solicitada pelos britânicos.
Na segunda-feira, o governo anunciou que pode convocar eleições
gerais antecipadas para 14 de outubro caso o Parlamento consiga retomar o
controle sobre as questões do Brexit.
Aos olhos de Johnson, diante de pesquisas de opinião que indicam
que os Conservadores voltariam a ganhar, as eleições dariam a ele a carta
branca para tirar o país da União Europeia sem nenhum acordo.
Mas críticos acreditam
que se trata apenas de uma manobra do primeiro-ministro para tentar fazer com
que os parlamentares do seu próprio partido acabem desistindo de votar por um
novo prazo para o Brexit por medo de serem punidos nas urnas.
Johnson chegou a ameaçar alguns dos “conservadores rebeldes” de
expulsá-los do partido caso apoiem a nova proposta de lei.
Nesta terça-feira, um tribunal na Escócia faz uma audiência para
decidir se a suspensão do Parlamento anunciada por Johnson na semana passada é
ou não inconstitucional.
Esta foi uma ação iniciada por parlamentares do Partido Nacional
Escocês (o SNP) e pela líder do Partido Liberal Democrata, Jo Swinson. A
sentença será conhecida na quarta-feira (4).
Outro processo iniciado em Londres por uma advogada anti-Brexit
ganhou o apoio do ex-primeiro-ministro John Major, e terá uma audiência
preliminar na quinta-feira (5).
No último sábado, milhares de pessoas foram às ruas em várias
partes do país para protestar contra a decisão de Johnson de suspender o
Parlamento. Mas só mesmo após os dois veredictos judiciais é que se saberá o
que pode ocorrer na semana que vem.ANG/RFI
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