Congo/Human Rights exige
libertação imediata de jornalista Bukajera
Bissau, 02 Fev 24 (ANG) - A Organização Não Governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) apelou hoje ao arquivamento do processo contra o jornalista da República Democrática do Congo (RDC) Stanis Bujakera e exigiu a sua libertação imediata.
O correspondente da revista Jeune Afrique
foi detido há quase cinco meses, acusado de divulgar informações falsas sobre o
homicídio do opositor Chérubin Okende num artigo não assinado que implica os
serviços secretos militares.
As autoridades da República Democrática do
Congo "devem retirar imediatamente todas as acusações contra Stanis
Bujakera, libertá-lo e garantir que os jornalistas possam fazer o seu trabalho
sem medo de serem presos ou perseguidos judicialmente", escreveu o
investigador sénior da Human Rights Watch para a RDC, Thomas Fessy, num
comunicado de imprensa citado pela agência francesa de notícias, a
France-Presse (AFP).
A ONG recordou que "o reputado
jornalista", que é também correspondente da agência internacional de
notícias Reuters e diretor-adjunto do meio de comunicação social 'online'
congolês Actualité.cd, é acusado de "fabricar e distribuir" um
memorando dos serviços secretos civis que os incrimina no homicídio de Chérubin
Okende, encontrado morto com ferimentos de bala no seu carro a 13 de Julho.
Acusado de "espalhar falsos
rumores", "falsificar documentos", "falsificar selos de
Estado" e "transmitir mensagens falsas contrárias à lei", poderá
ser condenado até 10 anos de prisão, segundo os seus advogados, acrescentou a
HRW no comunicado, no qual acrescenta que "até agora, a acusação não
conseguiu provar estas alegações".
A organização lembrou igualmente que a ONG
Repórteres sem Fronteiras efetuou uma investigação que concluiu que a nota em
que se baseava o artigo do Jeune Afrique era autêntica, apesar de "não
poder julgar a veracidade do seu conteúdo".
"O caso parece ter cada vez mais motivações
políticas e fazer parte de uma ação repressiva contra os meios de comunicação
social", afirmou o investigador da Human Rights Watch.
Para a HRW, "o assédio judicial a
Stanis Bujakera apenas realça ainda mais a falta de transparência na
investigação da morte de Chérubin Okende".
O apelo desta ONG surge um dia depois de a
família do opositor ter decidido enterrar o cadáver, cansada de esperar pelos
resultados da autópsia, quase sete meses depois da sua morte.
Chérubin Okende, de 61 anos, deputado e antigo
ministro, era próximo do opositor Moïse Katumbi, candidato presidencial
derrotado em 20 de Dezembro.
O corpo, crivado de balas, foi encontrado
no seu carro em 13 de Julho de 2023.
A família está "desiludida por
constatar que, seis meses depois, não recebeu a mínima informação sobre as
circunstâncias deste assassínio hediondo. Decidiram, por isso, velar e enterrar
hoje o senhor Okende", declarou o advogado Laurent Onyemba.
O advogado, que estava acompanhado por
membros da família Okende, incluindo a viúva, falou à imprensa após uma
audiência com o procurador público.
A família "já não tenciona voltar
dirigir-se ao Ministério Público, vira as costas à Justiça (da RDC) e volta-se
para as instituições internacionais para exigir que seja feita justiça",
acrescentou.
Sem especificar a data do enterro, o
advogado disse que a família queria "enterrá-lo sobriamente, sem qualquer
intervenção, porque estão desiludidos por verem que o Estado não foi capaz de
fazer justiça a um homem que deu toda a sua vida pelo país".
A próxima audiência do julgamento de
Bujakera está marcada para hoje na prisão de Makala, em Kinshasa, onde se
encontra encarcerado. ANG/Angop
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