Decisão tardia sobre modelo de recenseamento eleitoral na origem
do adiamento
Bissau, 23 Out 13 (ANG) – O representante especial do SG das Nações Unidas
na Guiné-Bissau, José Ramos Horta disse hoje que as eleições não terão lugar em
Novembro como previsto devido a decisão, só em Agosto, das autoridades de transição quanto ao modelo
técnico a implementar para o recenseamento eleitoral.
Ramos Horta que falava hoje no programa
da RTP Africa-Forum disse a situação se deveu a evidencias de muitos
interesses internos e externos com os quais as autoridades guineenses tiveram
que se confrontar.
Horta considerou que não deveria haver o golpe de estado porque os
militares não são detentores de toda a sabedoria.
“Hoje em dia quem manda é quem for eleito pelo povo. Se o povo concluir que
não está a mandar bem faz a sua nova escolha. Não são os militares quem decide
quem vai ou não ao governo”.
O representante do SG da Onu em Bissau revelou que estão já garantidos
cerca de 18 milhões de dólares para as eleições, orçadas em 20 milhões de
dólares, apesar da Comunidade internacioal considerar exagerado o referido
orçamento.
Disse que são contribuições da
Cedeao, União Europeia, Onu entre outros e pede as autoridades para
agirem com maior rapidez, para não deixar ainda mais frustrado a comunidade
internacional e população guineense.
Ramos horta disse acreditar que o de 12 de Abril do ano passado será o
ultimo golpe de estado na Guiné-Bissau e fundamenta: “porque os militares também
aprenderam”.
Referindo-se as denuncias de
alegadas torturas às populações levadas a cabo por forças militares na
sequencia dos incidentes contra a embaixada da Nigéria em Bissau e do
linchamento de um cidadão nigeriano, Horta aconselha a sociedade castrense a
parar com torturas física ou moral `a quem quer que seja.
“Não é competência de militares interrogar ou garantir segurança interna as
populações. Essa função é dos polícias”,disse.
O ex-presidente de Timor-leste em missão das Nações Unidas na Guiné sublinhou
que as forças armadas da Guiné-Bissau
são profissionais que granjearam respeito internacional, pelo que devem
comportar-se como profissionais.
José ramos Horta concorda que o ex-Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior,
Raimundo Pereira e outros possam regressar ao pais e, se quiserem, participar
livremente nas próximas eleições.
“Que eu saiba, eles não cometeram nenhum crime que lesa ao estado. Hoje em dia até parece que muita gente se
arrepende de ter havido um golpe de estado. Na minha opinião chega de
hostilidade, chega de intimidações”,disse.
Ramos Horta também acredita que com boa governação dentro de cinco à dez
anos a Guiné-Bissau pode ser um dos mais ricos per capita na África Ocidental
“com a exportação dos seus camarões, ostras e exploração do petróleo, bauxite e
fosfato”.
A nova data para eleições gerais, ao que tudo indica, será anunciada após a
cimeira da cedeao que inicia esta sexta-feira em Dacar, no Senegal.
ANG/SG
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