quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Eleições gerais



Decisão tardia sobre modelo de recenseamento eleitoral na origem
do adiamento

Bissau, 23 Out 13 (ANG) – O representante especial do SG das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos Horta disse hoje que as eleições não terão lugar em Novembro como previsto devido a decisão, só em Agosto,  das autoridades de transição quanto ao modelo técnico a implementar para o recenseamento eleitoral.

Ramos Horta que falava hoje no programa  da RTP Africa-Forum disse a situação se deveu a evidencias de muitos interesses internos e externos com os quais as autoridades guineenses tiveram que se confrontar.

Horta considerou que não deveria haver o golpe de estado porque os militares não são detentores de toda a sabedoria.

“Hoje em dia quem manda é quem for eleito pelo povo. Se o povo concluir que não está a mandar bem faz a sua nova escolha. Não são os militares quem decide quem vai ou não ao governo”.

O representante do SG da Onu em Bissau revelou que estão já garantidos cerca de 18 milhões de dólares para as eleições, orçadas em 20 milhões de dólares, apesar da Comunidade internacioal considerar exagerado o referido orçamento.

Disse que são contribuições da  Cedeao, União Europeia, Onu entre outros e pede as autoridades para agirem com maior rapidez, para não deixar ainda mais frustrado a comunidade internacional e população guineense.

Ramos horta disse acreditar que o de 12 de Abril do ano passado será o ultimo golpe de estado na Guiné-Bissau e fundamenta: “porque os militares também aprenderam”.

Referindo-se  as denuncias de alegadas torturas às populações levadas a cabo por forças militares na sequencia dos incidentes contra a embaixada da Nigéria em Bissau e do linchamento de um cidadão nigeriano, Horta aconselha a sociedade castrense a parar com torturas física ou moral `a quem quer que seja.

“Não é competência de militares interrogar ou garantir segurança interna as populações. Essa função é dos polícias”,disse.

O ex-presidente de Timor-leste em missão das Nações Unidas na Guiné sublinhou  que as forças armadas da Guiné-Bissau são profissionais que granjearam respeito internacional, pelo que devem comportar-se como profissionais.

José ramos Horta concorda que o ex-Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, Raimundo Pereira e outros possam regressar ao pais e, se quiserem, participar livremente nas próximas eleições.

“Que eu saiba, eles não cometeram nenhum crime que lesa ao estado.  Hoje em dia até parece que muita gente se arrepende de ter havido um golpe de estado. Na minha opinião chega de hostilidade, chega de intimidações”,disse.

Ramos Horta também acredita que com boa governação dentro de cinco à dez anos a Guiné-Bissau pode ser um dos mais ricos per capita na África Ocidental “com a exportação dos seus camarões, ostras e exploração do petróleo, bauxite e fosfato”.

A nova data para eleições gerais, ao que tudo indica, será anunciada após a cimeira da cedeao que inicia esta sexta-feira em Dacar, no Senegal. 

ANG/SG

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