Valorização da produção africana
Angola - São cada vez mais as grandes cadeias de supermercados africanas que estão a optar por dar preferência, nas suas prateleiras, aos produtos que são produzidos no continente africano, conseguindo desta forma aumentar os seus lucros e, ao mesmo tempo, reduzir os preços que os consumidores pagam para se abastecerem.
Esta opção resulta do reforço das principais cadeias africanas de supermercados e, ao mesmo tempo, de um bom clima de relacionamento económico entre os diferentes países do continente que facilita as trocas comerciais e a importação e exportação de produtos.
Sedeadas principalmente na África do Sul, as grandes cadeias de supermercados estão a expandir o seu negócio a praticamente todo o continente, mas com uma especial atenção a Angola e à Nigéria, duas das principais potências económicas do continente.
Contrariamente ao que anteriormente sucedia, com os produtos produzidos na África do Sul a serem exportados e revendidos em pequenos supermercados locais, a actual tendência passa pela abertura de filiais dessas redes que oferecem não só alguns produtos como, principalmente, uma experiência organizativa que permite tornar o negócio rentável para as diferentes partes que nele intervêm.
Ao mesmo tempo, essa opção permite a pequenos países que beneficiam dessas operações exporem e venderem os seus próprios produtos, conseguindo, dessa forma, uma preciosa economia que depois se reflecte no preço oferecido ao consumidor. Deste modo é possível que num supermercado egípcio, por exemplo, ao lado de produtos locais possam estar outros que chegam da Namíbia, ou da África do Sul, com valores muito mais acessíveis, devido, precisamente, a essa salutar troca daquilo que é produzido. Esta engenharia só é possível com a experiência adquirida e consolidada neste tipo de negócios e que dispensa, por exemplo, que determinado tipo de leite em pó tenha que ser importado da Europa ou de qualquer outro continente.
Antes isso era obrigatório porque, devido à procura, as grandes fábricas europeias de leite em pó produziam em grandes quantidades, o que lhes permitia reduzir o preço por unidade. Entretanto, com a carga de impostos colocada entre a produção e o consumo, o cliente acabava por quase não beneficiar da tal produção em grande quantidade.
Agora, com este sistema implantado no continente africano, e com a garantia de que o escoamento dos produtos é feito sem grandes cargas fiscais ou de transporte, há que fortalecer o sistema organizativo de modo a agilizar o processo de produção e concentração daquilo que os diferentes países criam.
As principais cadeias africanas de supermercados, para consolidar este processo, estão já a estudar o modo de criar um entreposto continental onde se concentrem as diferentes produções nacionais que depois são escoadas para os diferentes países.
O grande objectivo é o de concentrar nos supermercados africanos apenas alimentos produzidos no continente africano. Trata-se, obviamente, de uma meta ambiciosa, mas atingível, e que pode motivar o aumento significativo do investimento estrangeiro em África. Neste momento são já numerosas as grandes marcas de bebidas, por exemplo, que criaram fabricas no continente africano, de onde extraem produtos destinados à sua própria produção interna ou para a exportação ao nível mundial.
Com a possibilidade desses produtos virem a ser, em grandes quantidades, vendidos sem saírem do continente, cria-se uma nova janela de oportunidade para o aumento do volume de negócios e para a intensificação do reforço do investimento entretanto feito.Países como a Namíbia, o Botswana, o Zimbabwe e a Zâmbia lideram o processo de fornecimento de produtos que, nos supermercados sul-africanos, concorrem com a produção local em termos de oferta ao consumidor.
Por outro lado, Angola, a Nigéria e Moçambique são os países que se encontram na linha da frente para acolher a abertura de filiais desses mesmos supermercados alimentando a esperança de, muito em breve, lá também poderem expor os seus próprios produtos nacionais e os verem consumidos noutros países.
Contrariamente ao que sucedeu nos primórdios da União Europeia, onde os países financeiramente mais poderosos impuseram aos mais frágeis uma série de draconianas medidas que acabaram por estar na base da actual crise económica, no continente africano o desenvolvimento das grandes cadeias de supermercados obedece a regras mais igualitárias sem as mordaças de acordos políticos altamente comprometedores.
Tudo isto porque o projecto passa, necessariamente, pela iniciativa privada, o que desde logo liberta os governos dos constrangimentos resultantes da necessidade de obterem acordos políticos que, mais tarde, poderão revelar-se contraproducentes.(Jornal de Angola)
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