Campanha de caju 2015
“Bom preço” do produto reduz pobreza na vila
de Bubatumbo, região
de Quinara
”Por
Queba Coma, jornalista da ANG”
Bissau,
29 Jul 15 (ANG) – Os Populares da
vila de Bubatumbo, Sector de Buba, Sul da Guiné-Bissau consideraram que a campanha de caju 2015 foi a “melhor na história do país” desde a sua independência,
em termos de preço de compra ao produtor, e que a mesma contribuiu “grandemente”
para a redução da pobreza nessa povoação.
Suleimane Sambu Comité de Tabanca de Bubatumbo |
Em
declarações ao enviado da ANG àquela tabanca de agricultores, Suleimane Sambu, chefe
da vila, não tem dúvidas: “ A campanha deste ano não tem igual, porque o
preço do produto começou em 300Francos/Kg, em menos de três dias aumentou para
350 e já no quarto ou quinto dia, passou para 500Francos cfa, o quilo”.
“
Eu próprio, nunca atingi a quantidade de arroz que este ano consegui obter
através da venda da castanha de caju”, enfatizou este responsável local para realçar
o resultado “positivo” da colheita da sua “pequena” horta de caju que criou a
partir de 1999, depois da guerra civil
de 1998 que abalou o país, obrigando a
maioria da população a deixar Bissau, a capital e o epicentro do conflito, para
o interior.
Em
termos monetários, Sambu que também é comerciante
retalhista, sem avançar números, assegurou que a sua tonelada e meia de
castanha de caju e outros rendimentos lhe valeram um “bom dinheiro” com os quais ,
nomeadamente, depois das chuvas vai adquirir zinco para a cobertura
da sua casa.
Ainda
sobre os efeitos da presente campanha na vida das pessoas, este casado e pai de
sete filhos, que frequentam a escola(contrariamente
à muitas crianças no interior), informou
que muitas pessoas, para além de terem comprado o zinco para a cobertura das
suas casas, compraram motorizadas, outros arranjaram bicicletas, colchões (incluindo a
sua esposa).
“A
campanha na Guiné mexe com todos e se ela for bem sucedida todos ficam bem,
incluindo os que não têm horta. Se o
caju for comprado a bom preço os que têm hortas solidarizam-se com os que não
têm”, referiu.
Este
agricultor de 58 anos, motivado pelo
“bom preço” de caju este ano e com a esperança de a mesma proeza se repetir em 2016,
disse que já iniciou os trabalhos de ampliação
da sua quinta, tendo já plantado alguns cajueiros no espaço em que habitualmente
plantava o arroz.
Também,
com o objectivo de garantir a segurança
alimentar, ou seja, assegurar uma nutrição de qualidade, este camponês
promete diversificar a sua produção com
culturas, como o feijão e milho este ano , dado que “a zona tem um solo rico
que dispensa a utilização de fertilizantes”.
Durante
a conversa com o jornalista da Agência de Noticias da Guiné, e sempre sorridente
pelo impacto positivo da campanha de
caju deste ano na sua vida e em “toda a tabanca”, Suleimane Sambú pede ao
governo, às organizações não governamentais e aos organismos internacionais
parceiros da Guiné-Bissau para disponibilizarem as tabancas, como a sua, máquinas agrícolas para possibilitar o aumento das suas produções
.
Outro
pedido feito por este “homem de campo”, é a concessão de créditos aos jovens das
zonas rurais, que, segundo as suas palavras, se encontram, na sua grande maioria, no
desemprego e sem possibilidades de desenvolverem outras actividades geradoras de rendimentos
económicos.
Outro
“vencedor” da presente campanha de caju, é um
jovem camponês de 27 anos de
idade, Bacari Cassama de seu nome próprio.
Disse
ser, para além do cajueiro do já velho pai,
dono de plantações próprias , numa área de 100Km2 e que, este ano, lhe renderam fundos
com os quais conseguiu comprar o Zinco e fazer a cobertura de sua residência na
cidade de Buba, anteriormente coberta de palhas.
Cassama, que afirmou ter interrompido o seus
estudos quando frequentava a 8ª classe “devido a idade avançada dos país e por
ser o filho varão mais velho da família”, assegurou que, com a poupança da
campanha de caju, mandou comprar uma bicicleta em Bissau, para retomar os
estudos no próximo ano lectivo, numa
escola que fica a Sete quilómetros de Bubatumbo.
Quem
também falou duma campanha de caju “ímpar” e que aumentou a economia das
famílias “em quase toda a Guiné” foi a “dona de casa” Nharó Turé, que disse ter
comprado este ano, entre outros, uma colchão espuma, baldes, tigelas e um
reservatório capaz de armazenar 100 litros de água, para além de roupas para
ela e os seus cinco filhos.
Visivelmente
contente, esta mulher que desempenha a dupla função de doméstica e agricultora,
informou ainda que, graças a poupança da venda de caju o seu marido irá zincar
a casa onde habita a família depois do
término das chuvas.
Vista da tabanca de Bubatumbo |
Nharó
Turé pede as autoridades e a todos os intervenientes do sector de caju para trabalharem, com vista a criação
de condições para que a campanha de
comercialização da castanha de caju do
próximo ano seja, no mínimo, igual a de 2015.
Bubatumbo,
uma vila antiga que viria a dar nome a actual cidade de Buba, a capital da
região de Quinara e da Província Sul, dista a sete quilómetros desta.
Divide-se
em dois pequenos bairro (Bubatumbo um e dois), e a sua população dedica-se
essencialmente à agricultura.
As autoridades
do país prevêm exportar 200 mil
toneladas de castanha este ano, contra as 130 mil toneladas do ano passado.
A nível mundial, a Guiné-Bissau é o quarto
maior produtor do caju, depois da Índia, Costa do Marfim e Vietname.
No entanto, em termos de qualidade da amêndoa
, muitos peritos têm colocado a Guiné-Bissau em primeiro lugar, dado que
durante a sua produção nomeadamente no seu tratamento fitossanitário, não leva
produtos químicos. ANG/QC/SG
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