quarta-feira, 22 de julho de 2015

Ecossistema

“Corte abusivo de árvores em 2013 foi estrago ecológico enorme ”, diz Director do PNLC

Buba, 21 Jul 15 (ANG) - O Director do Parque Natural de Lagoas de Cufada (PNLC)considera que o corte em massa de árvores de madeiras,  durante o Governo de Transição, em 2013 representa  um estrago ecológico enorme” para a Guiné-Bissau.

Joãozinho Mané fez esta consideração no decurso de uma entrevista concedida ao repórter da ANG em Buba, Sul da Guiné-Bissau.

De acordo com este perito ambiental, apesar de quase toda a região de Quinara ter sido atingida por esta prática, “só um dia”, um grupo de madeireiros entraram no  interior do parque, tendo cortado  116 troncos.

“Na preferia do parque derrubaram muitas árvores, e esta acçäo  afecta o parque, na medida em que o desequilíbrio ecológico não tem fronteira,” disse Mané para acrescentar que “um corte de uma árvore num local, pode pôr em causa a “saúde natural” de outra localidade onde esta prática não se verificou”.

 Este especialista  declarou, por outro lado, que para fazer face as ameaças nomeadamente, dos agricultores da zona, está em curso a identificação dos mesmos para se distinguir os habitantes do interior do Parque de terceiros, que ilegalmente praticam a lavoura  nesta reserva da biosfera que alberga dois por cento da população de pelicanos do mundo.

Também, segundo este responsável, este diagnóstico permitirá conhecer os agricultores que praticam a sua actividade na zona “de Conservação Integral”, sítio este, que “deverão  abandonar, para voltarem a praticar a lavoura nas suas zonais tradicionais.
O referido trabalho de levantamento, que inclui a fixação de placas que indicam as diferentes zonas do Parque, será concluído em Novembro deste ano.

Falando da importância ecológica e da história desta reserva natural descoberta desde o período  colonial, Joãozinho lembrou que antes da independência, a mesma se chamava “Reserva  de Fauna de Cufada”.

 Mané contou  que em 1948 houve um estudo feito por um perito português, de nome Araújo, cujos  resultados  indicaram que a zona de Cufada fazia parte da última rota de aves migratórios que vinham da  Mauritânia e Europa de Norte.

Apos estes estudo, o regime colonial declarou a localidade como “Zona de Reserva de Fauna”, como a de Arquipélago de Bijagós, de São Domingos e de Cacheu que, viria a transformar-se no actual “Parque de Tarrafe de Rio Cacheu”.
O referido estudo apurou que entre as 518 espécies de aves do país, 203 vivem nessa lagoa.

Joãozinho Mané destacou que uma das importâncias do Parque de Cufada se deve ao facto de ser limitado por dois rios: um de água doce, na zona de rio Corrubal e outro  de água salgada, na do “Rio Grande de Buba”, havendo  no meio deles três lagoas: Cufada, Bedas e Doras.

E ainda refere que a bacia de Cufada é a que contém a maior quantidade de  água doce no país e  principal responsável pelo recarregamento do nível de água no solo na região de Quinara.
Entretanto, as pessoas temem pela crise de água na região, caso desaparecesse esta reserva natural classificada em 2000 pelas autoridades da Guiné-Bissau, como área protegida.

O Parque Natural de Lagoas de Cufada é uma área protegida continental que se encontra no sul do país. Em termos administrativos, localiza-se entre os sectores de Buba e  Fulacunda e tem uma superfície total de oitenta e nove mil hectares, com 5118 habitantes distribuídos em 33 tabancas.


Actualmente, no quadro da gestão dos recursos florestais a Guiné-Bissau dispõe de seis   áreas protegidas e dois por criar em Boé( leste) e Gulombi (entre leste e sul), cobrindo   24 por cento do território nacional. 

ANG/QC /SG

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