Ecossistema
“Corte abusivo de árvores
em 2013 foi estrago ecológico enorme ”, diz Director do PNLC
Buba, 21 Jul 15 (ANG) - O Director do Parque Natural de
Lagoas de Cufada (PNLC)considera que o corte em massa de árvores de madeiras, durante o Governo de Transição, em 2013 representa
um estrago ecológico enorme” para a
Guiné-Bissau.
Joãozinho Mané fez esta consideração no decurso de uma
entrevista concedida ao repórter da ANG em Buba, Sul da Guiné-Bissau.
De acordo com este perito ambiental, apesar de quase toda a
região de Quinara ter sido atingida por esta prática, “só um dia”, um grupo de madeireiros
entraram no interior do parque, tendo
cortado 116 troncos.
“Na preferia do parque derrubaram muitas árvores, e esta
acçäo afecta o parque, na medida em que
o desequilíbrio ecológico não tem fronteira,” disse Mané para acrescentar que “um
corte de uma árvore num local, pode pôr em causa a “saúde natural” de outra
localidade onde esta prática não se verificou”.
Este especialista declarou, por outro lado, que para fazer face
as ameaças nomeadamente, dos agricultores da zona, está em curso a identificação
dos mesmos para se distinguir os habitantes do interior do Parque de terceiros,
que ilegalmente praticam a lavoura nesta
reserva da biosfera que alberga dois por cento da população de pelicanos do
mundo.
Também, segundo este responsável, este diagnóstico permitirá
conhecer os agricultores que praticam a sua actividade na zona “de Conservação
Integral”, sítio este, que “deverão abandonar, para voltarem a praticar a lavoura
nas suas zonais tradicionais.
O referido trabalho de levantamento, que inclui a fixação de
placas que indicam as diferentes zonas do Parque, será concluído em Novembro
deste ano.
Falando da importância ecológica e da história desta reserva
natural descoberta desde o período colonial, Joãozinho lembrou que antes da
independência, a mesma se chamava “Reserva
de Fauna de Cufada”.
Mané contou que em 1948 houve um estudo feito por um
perito português, de nome Araújo, cujos
resultados indicaram que a zona
de Cufada fazia parte da última rota de aves migratórios que vinham da Mauritânia e Europa de Norte.
Apos estes estudo, o regime colonial declarou a localidade como
“Zona de Reserva de Fauna”, como a de Arquipélago de Bijagós, de São Domingos e
de Cacheu que, viria a transformar-se no actual “Parque de Tarrafe de Rio
Cacheu”.
O referido estudo apurou que entre as 518 espécies de aves do
país, 203 vivem nessa lagoa.
Joãozinho Mané destacou que uma das importâncias do Parque de
Cufada se deve ao facto de ser limitado por dois rios: um de água doce, na zona
de rio Corrubal e outro de água salgada,
na do “Rio Grande de Buba”, havendo no
meio deles três lagoas: Cufada, Bedas e Doras.
E ainda refere que a bacia de Cufada é a que contém a maior quantidade
de água doce no país e principal responsável pelo recarregamento do
nível de água no solo na região de Quinara.
Entretanto, as pessoas temem pela crise de água na região,
caso desaparecesse esta reserva natural classificada em 2000 pelas autoridades
da Guiné-Bissau, como área protegida.
O Parque Natural de Lagoas de Cufada é uma área protegida
continental que se encontra no sul do país. Em termos administrativos,
localiza-se entre os sectores de Buba e Fulacunda e tem uma superfície total de
oitenta e nove mil hectares, com 5118 habitantes distribuídos em 33 tabancas.
Actualmente, no quadro da gestão dos recursos florestais a
Guiné-Bissau dispõe de seis áreas protegidas e dois por criar em Boé(
leste) e Gulombi (entre leste e sul), cobrindo
24 por cento do território nacional.
ANG/QC /SG
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