Ministério
Público acusa Governo de tentar manipular justiça
Bissau, 21 Jul 15 (ANG)
- O Ministério Público acusou ao Governo de tentar manipular a justiça por se insurgir contra as diligências efetuadas junto de
membros do executivo sob investigação, revela a agência Lusa que cita um
comunicado desta instituição judicial.
Segundo a agência Lusa ,
o Ministério Público questiona a oportunidade do posicionamento do Partido
Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder) e do Governo
contra a audição dos governantes visados.
De acordo com o
comunicado, tanto o partido como o próprio executivo têm a obrigação de
conhecer as tramitações processuais, pelo que "é uma comédia" afirmar
que se está perante uma perseguição.
"A vontade
incontrolável de manipular os 'media' e a opinião pública, porque é disso que
se trata, é a linha de entendimento predominante deste Governo e do
PAIGC", refere o Ministério
Público.
No mesmo comunicado,
explica-se que já foram ouvidas na qualidade de suspeitos ou testemunhas
pessoas ligadas ao Governo, à Assembleia Nacional Popular (Parlamento) e à
Presidência da República.
O Ministério Público
entende que faz parte da estratégia do Governo e do partido que o sustenta
fragilizar a ação das instâncias judiciais e promover a impunidade no país.
O organismo judicial
guineense diz-se aberto para que toda a sua atuação seja investigada à luz da
lei.
As queixas contra o
Ministério Público foram veiculadas na última semana em comunicados do PAIGC e
do Conselho de Ministros.
O descontentamento foi
veiculado depois de o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Lopes da Rosa,
ter ficado impedido de sair do país como medida de coação no âmbito de uma
investigação.
No início de junho,
Idelfrides Fernandes, Secretário de Estado das Comunidades da Guiné-Bissau, foi
detido durante algumas horas por suspeita de atribuição ilícita de passaportes
à cidadãos estrangeiros.
Em comunicado o Secretariado
do PAIGC considerou que a oportunidade e procedimentos que estão a ser
utilizados na instrução dos processos e a sua divulgação pública revelam a
existência de “critérios seletivos, tendenciosos e parciais”, razão pela qual condena
com veemência a continuação da sua prática, por colocar em causa o regular
funcionamento do governo.
Ainda neste quadro, o
Secretariado disse ter constatado, com estranheza, que só processos dos membros
do PAIGC estão a ser objeto de fugas de informação, revelando uma clara intensão
de propiciar a condenação prévia dessas pessoas na praça pública, sem garantia de um processo isento.
A concluir, o
secretariado do PAIGC declara que todo e qualquer responsável, membro do governo
ou outro órgão da soberania, sobre o qual pendem fortes indícios da prática de
crimes ou acusações fundadas devem colocar-se à disposição das instâncias
judiciais para prestar as informações necessárias ao apuramento da verdade.
ANG/JD/SG
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