Partido Popular continua obrigado a negociar para formar Governo
Bissau, 29 Jun 16 (ANG) - O Partido Popular de Mariano Rajoy venceu as eleições legislativas de domingo em Espanha, mas sem maioria absoluta, razão pela qual a formação de um novo Governo permanece incerta.
Nas segundas eleições em seis meses, o PP, de centro-direita, melhorou os resultados de Dezembro ao conseguir 33 por cento dos votos e eleger 137 deputados no Parlamento de 350 legisladores, mais 14 do que na votação anterior.
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) mantém-se como segunda força política, com 22 por cento dos votos e 85 deputados.
A coligação de esquerda Unidos Podemos ficou com 21 por cento dos votos e 71 deputados, falhando nos prognósticos segundo os quais passava o PSOE como força hegemónica da esquerda espanhola.
O Ciudadanos de centro, parceiro natural do PP, conseguiu 13 por cento dos votos e 32 deputados, menos oito do que em Dezembro de 2015.
O facto de nenhum partido ter conseguido o “número mágico” para governar sozinho - 176 deputados - faz com que permaneçam as incertezas na política espanhola.
“Repete-se um cenário ingovernável, com a diferença de que o PP sai fortalecido. O PSOE resiste e o Unidos Podemos decepciona, mas não afunda. E o Ciudadanos, parceiro natural do PP, perde”, afirmou à BBC Guillermo López, analista político e professor de Jornalismo na Universidade de Valência.
Sem maioria absoluta, cabe agora aos líderes políticos negociarem, numa altura em que emergem os cenários viáveis para a formação de um governo espanhol.
Guillermo Lopez diz que os cenários incluem uma grande coligação entre o PP e o PSOE, liderada por Mariano Rajoy, uma coligação de esquerda “à portuguesa” entre o PSOE e o Podemos e terceiras eleições legislativas em caso de fracasso dos cenários anteriores.
Guillermo López diz que Mariano Rajoy e o PP agora estão em melhor posição do que há sete meses, para reivindicar o governo, e que a combinação lógica era uma coligação entre o PP e o Ciudadanos, mas o número de deputados somados (169) ficava abaixo da maioria absoluta.
Por essa razão, prossegue, muitos analistas acreditam que a solução pode ser uma “grande coligação” entre o PSOE e o PP para evitar novas eleições.
A fórmula, refere, já foi usada noutros países, sendo a “grosse koalition” (grande coalizão) alemã o melhor exemplo. Na Alemanha, o conservador CDU, de Angela Merkel, governa com o socialista SPD para garantir a estabilidade do país.
Mas a experiência pode também ser mal sucedida, como na Grécia, onde os socialistas do PASOK estão cada vez mais irrelevantes desde um pacto em 2012 com o conservador Nova Democracia.
No caso grego, ao invés de garantir a estabilidade, a coligação entre socialistas e conservadores resultou em eleições antecipadas, na vitória do Syriza e na queda dos socialistas gregos para a sexta posição entre os maiores partidos.
Durante a campanha, o líder do PSOE garantiu que não faria Mariano Rajoy presidente do Governo Espanhol e que ia pressionar pela esquerda para o seu partido chegar a um acordo com o Unidos Podemos para governar. Neste caso, refere à BBC o cientista político Álvaro Madrigal, “ambos os partidos precisavam de ceder muito e, mesmo assim, era complicado porque não alcançariam uma maioria. Precisariam de um partido como o Ciudadanos - e então não seria um pacto de esquerdas - ou de chegar a um acordo com partidos nacionalistas de esquerda”.
Para estes grupos, uma questão decisiva é a realização de um plebiscito para decidir sobre a independência da Catalunha.
“Não creio que os nacionalistas catalães concordem em integrar o governo ou abster-se se não obtiverem o plebiscito. E não creio que o PSOE vá buscar uma forma de plebiscito para satisfazer essa exigência. Menos ainda depois que o Reino Unido decidiu sair da União Europeia através de um referendo”, diz Guillermo López.
A “solução à portuguesa”, concluem os analistas, é menos provável por ser um pacto complexo.
Poucos políticos consideram essa opção no momento. A pressão para que não sejam convocadas novas eleições é enorme e, durante a campanha, todos os candidatos rejeitaram essa possibilidade, mas os analistas não descartam novas eleições.
“A questão é: o que o PSOE acha que lhe prejudica mais, não apoiar o PP e ir de novo às urnas , ou permitir um governo do PP e ser punido?”, questiona Guillermo López.
Para evitar uma terceira votação, Álvaro Madrigal defende a reforma a lei eleitoral para mudar a forma como se nomeia o presidente do Governo. “Podia ser incluída uma nova cláusula que diga que governa a lista mais votada”, sugere.
Se nenhuma das três opções vingar, prevêem-se negociações longas e complexas, como foram as que se seguiram às eleições de Dezembro e que culminaram com a repetição da votação, conclui.
ANG/Jornal de Angola
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