“Compra
da dívida de empresários pelo governo de Simões Pereira agrava as dificuldades
económicas,” diz ministro das Finanças
Bissau, 29. Jun. 16 (ANG) – O novo Ministro da Economia e
Finanças afirmou hoje que a compra da dívida dos empresários nacionais no valor
de 35.2 bilhões de Francos CFA junto dos bancos comerciais, por parte do governo
de Domingos Simões Pereira foi negativo para o Estado da Guiné-Bissau.
Henrique Horta dos Santos falava
durante uma conferência de imprensa na qual se analisou a situação económica e
financeira do país.
Sustentou que o que aconteceu
não passa duma transferência “avulsa” da dívida em causa ao governo, “sem ter
em conta os contornos da operação e o seu impacto, a médio e longo prazos, na
vida das populações, na praça financeira e na relação com os parceiros
internacionais”.
De acordo com o governante, em
consequência dessa operação, o Orçamento Geral de Estado deste ano terá um
défice de 22. 4 mil milhões de francos
cfa, com a suspensão de ajuda financeira das instituições como a União Europeia
e o Banco Mundial.
“Esta cifra é um fardo
enorme para as Finanças Públicas guineenses”, lamentou Henrique Horta dos
Santos para acrescentar que a referida dívida obriga o executivo a pagar um
juro de 6 por cento anualmente.
Por estas e demais razoes, o
Ministro das Finanças entende que os responsáveis desta operação financeira
devem ser levados à justiça.
Henrique dos Santos explicou
que o nível de endividamento do país, que é medido conforme a sua capacidade de
produção de receitas, “foi amplamente ultrapassado”.
“A título de exemplo, o stock
da dívida interna era de 15,1 bilhões correspondente a 2,5 por cento do Produto
Interno Bruto, mas depois deste resgate financeiro, subiu para 51 bilhões de
Francos cfa, correspondendo a 8,5 por cento do Produto Interno Bruto”, disse.
Assim, segundo o titular da
pasta da Economia e Finanças, 8,5 por cento do conjunto da produção nacional
será, nos próximos tempos, “canalizado para o pagamento duma dívida cuja
produtividade é nula”.
Henrique Horta dos Santos
que disse que esta operação financeira “não foi feita com o objectivo de
beneficiar o povo” guineense, razão pela qual pede o esforço de todos para o reequilíbrio das contas do Estado.
“A operação não foi feita
para melhorar as condições dos hospitais, das escolas, estradas ou outros sectores da vida nacional, mas sim para beneficiar um grupo de pessoas”, referiu.
Para fazer face a este
período “menos bom” das contas do Estado, o ministro adopta como estratégia: o
aumento da pressão fiscal e a contenção nas despesas públicas.
Por isso, apela aos operadores económicos, agricultores, académicos e a toda a sociedade guineense,
para unir esforços para ultrapassar a
crise económico-financeira do país.
O Primeiro-ministro, Baciro Djá, esteve
presente na referida conferencia de imprensa.
O governo de Domingos Simões
Pereira foi demitido a 12 de Agosto do ano passado.
ANG/QC/SG
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