segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Catalunha/Espanha




Região lança processo de declaração de independência após referendo que Madrid rejeita 
 
Bissau, 02 Out 17 (ANG) - O executivo catalão reclamou 90 por cento de votos a favor da independência da Catalunha e lançou o processo de declaração unilateral de independência, após o referendo de domingo, rejeitado pelo Governo central e marcado por cargas policiais e centenas de feridos.

Ao início da madrugada de segunda-feira, o governo regional catalão anunciou que 90 por cento dos 2,22 milhões de catalães que votaram no domingo escolheram o “Sim”, a favor da independência da Catalunha, enquanto oito por cento dos votantes rejeitaram a independência e o resto dos boletins tiveram votos brancos ou nulos.

O dia do referendo começou, muito cedo, com o executivo regional a reconhecer que não tinha condições para realizar o referendo como tinha planeado e, de forma surpreendente, a anunciar um censo universal e a possibilidade de votar mesmo que sem envelope, com boletins impressos em casa, urnas que mudavam de assembleias de voto e sem clarificar o processo de contagem, desrespeitando assim a própria lei do referendo, suspensa pelo Tribunal Constitucional.

Perante a inacção dos Mossos d’Esquadra (polícia regional), que não impediram o funcionamento de muitas assembleias de voto como tinha sido ordenado pelo governo em Madrid, foram chamadas a Guardia Civil e a Polícia Nacional espanhola, que protagonizaram os maiores momentos de tensão para tentar impedir o referendo.

As autoridades de saúde catalãs afirmaram, ao final da noite de domingo, que pelo menos 844 pessoas foram assistidas na sequência das cargas policiais.

Sete juízes catalães abriram investigações à actuação da polícia regional por não impedir a votação, como ordenara o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha. Por outro lado, a Generalitat (governo regional catalão) denunciou perante a justiça as duas polícias nacionais.

O porta-voz do governo regional, Jordi Turull, admitiu que “não foi possível votar com normalidade”, já que foi necessário fechar 319 assembleias de voto, devido à intervenção policial.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, fez uma declaração, no domingo à noite, em que começou por negar que se tenha celebrado um referendo de autodeterminação na Catalunha, além de ter responsabilizado aqueles que “promoveram a ruptura da legalidade e da convivência”.

O chefe do executivo de Madrid reiterou a sua abertura para o debate: “Sempre ofereci diálogo honesto e sincero, mas sempre dentro da lei e dentro do marco da democracia”.
Rajoy anunciou que pedirá hoje para comparecer no parlamento espanhol para reflectir sobre o futuro com os partidos com assento parlamentar.

O primeiro-ministro elogiou a actuação das polícias nacionais – “Fizemos o que tínhamos de fazer” -, mas nunca se referiu às cargas policiais nem aos feridos.

Por seu turno, o chefe do governo regional catalão, Carles Puidgemont, destacou que os catalães ganharam “o direito a ter um Estado independente” e anunciou que remeterá ao parlamento regional o resultado da votação.

O dirigente catalão também repudiou o “uso injustificado, irracional e irresponsável da violência por parte do Estado espanhol” e defendeu que a União Europeia não pode ignorar o que disse ser a violação dos direitos humanos do povo da Catalunha.

Entretanto, cerca de 40 organizações sindicais, políticas e sociais da Catalunha apelaram para a realização de uma greve geral na região na terça-feira, em reacção à intervenção do Estado espanhol contra o referendo independentista.  

ANG/Inforpress/Lusa

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