Moeda única na África Ocidental só depois de 2020
Bissau,25 Out 17(ANG) - A moeda única na África
Ocidental só será uma realidade depois de 2020, contrariamente ao que estava
previsto, afirmou terça-feira, em Niamey, o presidente da Comissão da
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Segundo Marcel
de Sousa, que discursava na sessão de abertura da Cimeira de Chefes de Estado e
de Governo da organização oeste-africana, que decorre na capital do Níger,
apesar dos progressos na convergência macroeconómica dos 15 Estados membros da
CEDEAO, os resultados até agora obtidos são "escassos", pelo que não será
possível ter a moeda única antes de 2020.
As discussões da cimeira de Niamey passam sobretudo
por um balanço dos 30 anos do lançamento da ideia de criação de uma moeda única
na África Ocidental, de que fazem parte Cabo Verde e a Guiné-Bissau.
Presentes na abertura dos trabalhos estiveram os
presidentes anfitrião, o nigerino Mahamadou Issoufou,o marfinense, Alassane Ouattara, ganês, Nana
Akuf Ado, nigeriano, Muhammadu Buhari, e togolês, Faure Gnassingbé, em que o
ECO, o nome já adotado, está no centro das discussões.
Em 2013, os então presidentes do Níger e do Gana
foram mandatados para "coordenar" a marcha com destino à moeda única
na sub-região ocidental de África, tendo, no ano seguinte, sido criada uma
"task force" para implementar a ideia antes de 2020.
Mas, segundo Marcel de Souza, falharam, para já, os
quatro objetivos então fixados, não tendo qualquer dos 15 países cumprido ou
respeitado os critérios da primeira meta do programa, o da convergência
macroeconómica.
A harmonização das políticas monetárias entre as
oito moedas existentes na zona da CEDEAO, que deveria preceder a moeda única,
"não está feita", sublinhou Marcel de Souza, lembrando ainda que o
Instituto Monetário, prelúdio de um banco central comum, também não viu a luz
do dia.
O presidente da Comissão da CEDEAO indicou terem
sido já apresentadas quatro propostas para acelerar o nascimento da moeda
única, mas ainda não foi debatida qualquer calendarização das medidas.
No entanto, Mahamadou Issoufou, presidente do Níger, sugeriu a
entrada em circulação, a partir de 2020, de uma moeda única no seio dos 15
países da CEDEAO, estados que considerou estarem "tecnicamente
prontos" para avançar seguindo o modelo europeu do Euro.
"A adesão dos outros Estados poderia fazer-se,
depois, à medida que estivessem prontos", acrescentou o chefe de Estado
nigerino, manifestando-se preocupado por os atrasos poderem instalar entre as
populações oeste-africanas um clima de ceticismo em relação à criação da moeda
única.
Criada em 1975, a CEDEAO agrupa hoje 15 países e
totaliza mais de 300 milhões de habitantes, que utilizam oito moedas
diferentes.
Oito desses países, entre eles a Guiné-Bissau,
utilizam o Franco da Comunidade Financeira Africana (Franco CFA), cuja paridade
e convertibilidade é assegurada pelo Tesouro francês, via Euro, e estão
congregados na União Económica e Monetária Oeste-Africana (UEMOA - Benim,
Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e Togo).
Os restantes sete países da organização
oeste-africana dispõem cada um da sua moeda, que não é convertível entre elas
próprias: escudo (Cabo Verde), dalasi (Gâmbia), cedi (Gana), franco guineense
(Guiné-Conacri), dólar liberiano (Libéria), naira (Nigéria) e leão (Serra
Leoa). ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário